A tarifa social do catamarã de Charitas começará a valer a partir do dia 6 de março, saindo de R$ 21 para R$ 7,70. Considerando um usuário médio, que utiliza o transporte aquaviário todos os dias para chegar (e voltar) ao Centro do Rio de Janeiro, a economia pode chegar a quase R$ 300 mensais para o bolso do passageiro.
O novo valor é resultado de um consórcio firmado entre a Prefeitura de Niterói e o governo do estado, contando com subsídio municipal de até R$ 2 milhões por mês. O investimento foi aprovado pela Câmara de Vereadores em sessão na última terça-feira (25), com 14 votos favoráveis e cinco abstenções, em primeira discussão.
O convênio que consolida a redução da tarifa do catamarã foi assinado em 12 de fevereiro, em uma reunião entre o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), e o secretário estadual de Transportes, Washington Reis (MDB). A nova tarifa se baseia na lei aprovada em 2018, de autoria do deputado estadual Flávio Serafini (PSOL), que estabelece a obrigatoriedade da oferta de linhas sociais em todas as estações de transporte aquaviário do estado.
Apesar de contar com votos favoráveis de, inclusive, vereadores de oposição, como do PSOL, a proposta não escapou das críticas. Entre as mais citadas, está uma suposta ausência de estudo de demanda para garantir que o fluxo aumentará com a diminuição da passagem, e que causará impacto positivo no trânsito intenso da região, o que justificaria o investimento da prefeitura.
Estudo que inspirou ‘maré de mudanças’ não é claro
A gestão das barcas do Rio passam por uma “maré de mudanças”. A nova fase na operação do transporte aquaviário do Rio de Janeiro começou oficialmente no último dia 12 de fevereiro. O consórcio Barcas Rio, vencedor da licitação promovida pela Secretaria de Estado de Transporte e Mobilidade Urbana (Setram), em novembro de 2024, assume o lugar da concessionária CCR.
O consórcio agora atua no modelo de prestação de serviço, em que é remunerado a partir de um cálculo sobre as viagens atuais, e não mais pela tarifa paga pelos passageiros. A mudança no contrato ocorreu após a CCR alegar um déficit bilionário na operação e anunciar sua saída da concessão, ainda em fevereiro de 2023. Um estudo técnico da UFRJ também apontou, à época, problemas no modelo em questão.
Samuel Barros, reitor do Ibmec RJ, diz que o estudo da UFRJ, no qual a proposta da nova tarifa do catamarã de Charitas também se baseia, não é claro. Sobretudo, no que diz respeito à efetiva redução de veículos no trânsito, conhecidamente complicado da região.
Economia de quase R$300 pode incentivar usuários
No entanto, o reitor do Ibmec também destaca que, para que o investimento da prefeitura se justifique, será preciso contar com um elemento fundamental: a boa vontade dos usuários. Para que tanto moradores da região, quanto todos aqueles que precisam transitar entre Niterói e Centro do Rio, façam a escolha pelo transporte aquaviário.
O incentivo, aposta Samuel Barros, pode vir do bolso. Em um mês de 21 dias úteis, com a passagem atual, o passageiro precisa desembolsar R$ 441 por mês. Com a tarifa social, o valor passará para os R$ 161,70. Ou seja, uma economia de R$ 279,30.
De acordo com a gestão municipal, a expectativa é que o fluxo de passageiros da estação de Charitas aumente em até 50%, o que representaria até 7.500 usuários por dia. E que até cinco mil veículos a menos circulem pela cidade nos horários de pico, o que iria contribuir diretamente para a redução do tráfego em Avenidas como a Roberto Silveira, em Icaraí. Além de “desafogar” a linha Praça Quinze – Araribóia.
Gostaria de saber se é normal votar a favor de um subsídio que está baseado num Convênio onde os Vereadores não tiveram acesso aos termos deste Convênio? Ou será que os Vereadores que votaram a favor sem ler o Convênio, votam apenas porque são da base do Governo?