Motoristas de vans do município do Rio lotaram, nesta terça-feira (12), a audiência pública da Comissão de Transportes da Câmara Municipal. O encontro teve como foco a nova licitação do sistema de ônibus da cidade, mas a categoria compareceu em peso para cobrar da prefeitura mudanças no Sistema de Transporte Público Local (STPL), do qual as vans fazem parte.
Enquanto levantavam cartazes nas galerias, os motoristas ouviram Henrique Alves, que representou a categoria. Ele reclamou do que classificou como abandono do sistema pelo prefeito Eduardo Paes (PSD) e pela secretária municipal de Transportes, Maína Celidonio, que estava presente na audiência.
Motoristas de vans querem receber subsídio, como já existe para os ônibus
Alves ressaltou a importância histórica do transporte alternativo na cidade, que enfrenta obstáculos antigos. Os motoristas pedem a criação de um subsídio da prefeitura para as vans, assim como existe no sistema de ônibus. Para Alves, as linhas de vans operam na base da sobrevivência.
“O conceito do STPL foi sendo distorcido, e a luta até o momento tem sido pela sobrevivência. Em 2020, durante a pandemia [da Covid-19], o transporte alternativo se mostrou essencial ao transportar profissionais da saúde. Hoje, a história continua sendo escrita — e onde está a nossa participação? O STPL foi criado pelo prefeito, mas será abandonado pelo seu próprio criador?”, questionou.
Críticas da categoria ao cartão Jaé
Já Gilberto Neves, também representando os motoristas de vans, levantou críticas ao novo sistema de bilhetagem da Prefeitura do Rio, o cartão Jaé, que, desde 2 de agosto, é o único aceito nos transportes da cidade, incluindo o alternativo. Segundo ele, a categoria tem enfrentado dificuldades com os repasses referentes às passagens pagas com o novo cartão, problemas no aplicativo do Jaé, entre outras questões.
“Estamos enfrentando o desaparecimento de passagens nos validadores do Jaé, ou seja, as passagens não aparecem nos aplicativos e não sabemos quando receberemos. Além disso, o pagamento é realizado apenas uma vez por semana. Se houver qualquer problema operacional no sistema, o permissionário pode ficar até 14 dias sem receber,” finalizou, cobrando que os repasses sejam feitos três vezes por semana.
Os usuários também têm enfrentado dificuldades com o novo cartão, incluindo problemas na integração, na gratuidade, nos validadores e no aplicativo do Jaé. Além disso, as longas filas de atendimento nos postos do sistema de bilhetagem, com demora para entregar e solicitar o cartão, têm gerado indignação entre os cariocas.
Audiência da Comissão de Transportes
A audiência foi realizada pela Comissão de Transporte da Câmara Municipal. A sessão foi conduzida pelo presidente do colegiado, Marcelo Diniz (PSD), que esteve acompanhado na mesa por Flávio Pato (PSD), vice-presidente, e Maína Celidônio, secretária de Transportes, que também integrou a mesa. Todos destacaram a importância desta nova fase para o setor.
O líder do governo na Casa, Marcio Ribeiro (PSD), ressaltou a relevância da troca de informações entre a sociedade civil e os profissionais que atuam no STPC e no STPL. Ele enfatizou a necessidade de que esses trabalhadores tenham espaço para debater e apresentar suas opiniões.
Ribeiro também destacou que, embora qualquer modal de transporte enfrente desafios, o governo Eduardo Paes tem priorizado investimentos e adotado medidas para ampliar as oportunidades no transporte alternativo. Entre as ações estão a extensão da vida útil de vans e kombis, além de novas regulamentações que, segundo ele, beneficiam tanto os trabalhadores do setor quanto a população.
Nova licitação dos ônibus do Rio
Maína Celidônio, por sua vez, apresentou novamente a nova licitação dos ônibus, anunciada em duas coletivas, realizadas em 28 de maio e 22 de julho. De acordo com a prefeitura, o projeto prevê a renovação total e o aumento da frota de ônibus da cidade em quatro fases, que se estenderão até 2028.
Uma outra mudança importante é o novo nome do sistema, que passa a se chamar Sistema Rio, substituindo o antigo Sistema Público de Transporte por Ônibus (SPPO). Os novos veículos, movidos a diesel EURO VI, serão divididos em três categorias por tamanho e identificados por nove cores diferentes, conforme a área da cidade onde circularão.
Além disso, o pagamento em dinheiro a bordo será eliminado, tornando o sistema exclusivamente eletrônico. Os veículos contarão com melhorias como tomadas para carregar celulares, sensores de temperatura, avisos sonoros da próxima parada, botão de pânico e câmeras de segurança.
Contratos com empresas e fiscalização pela prefeitura
Quanto aos contratos com as empresas responsáveis pelo serviço, eles terão duração de dez anos, substituindo os atuais contratos de 30 anos. O sistema será dividido em 34 lotes, distribuídos em nove áreas geográficas — uma mudança em relação aos quatro consórcios anteriores.
A contratação dos operadores deixará de ser por exclusividade de linhas, passando a ser feita por quilometragem contratada, baseada em uma rede de referência, sem exclusividade. O pagamento será realizado pela quilometragem percorrida, independentemente do número de passageiros transportados.