A dengue é uma doença viral que afeta milhões de pessoas no mundo, sobretudo em locais tropicais como o Rio de Janeiro. E com o acúmulo de água parada somado às altas temperaturas do verão, cresce a preocupação com a disseminação do Aedes aegypti, mosquito vetor não só da dengue, mas também da chikungunya e zika.
O que pode assustar ainda mais, são os sorotipos da doença. O vírus pertence à família dos flavivírus e possui quatro sorotipos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Cada um deles, segundo o Ministério da Saúde, pode causar desde infecções assintomáticas até quadros mais graves da doença.
“Os quatro sorotipos são suficientemente distintos para que uma infecção por um deles não ofereça imunidade contra os outros. […] Isso significa que uma pessoa pode ser infectada até quatro vezes” destaca o Ministério da Saúde.
Enquanto a infecção por um sorotipo tem efeito protetor permanente contra ele e efeito protetor temporário contra os outros, infecções consecutivas aumentam o risco de formas mais graves da doença.
Sorotipo 3
O DENV-3, ou sorotipo 3, vem sendo detectado em meio a testes positivos para dengue em diferentes regiões do país. A cidade do Rio registrou o primeiro caso neste ano. O sorotipo 3 da dengue não circulava no estado desde 2007. No ano passado, foram registrados dois casos isolados: um em Paraty e outro em Maricá.
O cenário preocupa autoridades sanitárias, já que o sorotipo não circula de forma predominante no país desde 2008, e grande parte da população está suscetível a ele. De acordo com o Ministério da Saúde, a introdução de um novo sorotipo em uma população previamente exposta a outros “tipos” de dengue pode levar a um cenário de “epidemias significativas”.
“O DENV-3 é considerado um dos sorotipos mais virulentos do vírus da dengue, ou seja, tem maior potencial de causar formas graves da doença. Estudos indicam que, após a segunda infecção por qualquer sorotipo, há uma predisposição para quadros mais graves, independentemente da sequência dos sorotipos envolvidos. No entanto, os sorotipos 2 e 3 são frequentemente associados a manifestações mais severas” explica a pasta.
Prevenção e cuidados
Diante da circulação dos quatro sorotipos no país, é fundamental intensificar as medidas de prevenção, especialmente no controle ao mosquito transmissor. Eliminar focos de água parada, utilizar repelentes e instalar telas de proteção são algumas das ações recomendadas pelo Ministério da Saúde. Outro alerta da pasta diz respeito aos sintomas.
“É importante estar atento aos sintomas da dengue e procurar assistência médica imediata em caso de suspeita, especialmente se houver sinais de alarme, como dor abdominal intensa, vômitos persistentes e sangramentos. A vigilância constante e a adoção de medidas preventivas são essenciais para controlar a disseminação da dengue e minimizar os riscos associados aos seus diferentes sorotipos, especialmente o DENV-3″ destaca o ministério.
É recomendado procurar as unidades básicas de saúde (UBS) diante de sinais como manchas vermelhas no corpo, febre, dores de cabeça e dores atrás dos olhos. O ministério reforça ainda a importância da vacinação contra a dengue como estratégia preventiva, “embora a disponibilidade de doses ainda dependa do fornecimento pelos fabricantes”. Atualmente, o imunizante Qdenga está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) apenas para crianças e adolescentes com idade entre 10 e 14 anos.
Quem pode se vacinar no Rio?
O secretário municipal de Saúde da Prefeitura do Rio, Daniel Soranz, anunciou na última terça-feira (28), a ampliação da faixa etária de quem pode se vacinar contra a dengue. Segundo ele, a prefeitura tem cem mil doses de vacina em estoque para pessoas que deveriam ter ido se vacinar e que não voltaram para a segunda dose.
A partir de fevereiro, crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos (14 anos, 11 meses e 29 dias) devem se vacinar contra a dengue, de acordo com cronograma de calendário definido por idade. Jovens de 15 e 16 podem tomar a vacina contra a dengue até o dia 28/02.
Essa faixa etária foi definida pelo Ministério da Saúde por ser a mais vulnerável aos sorotipos da doença e ter mais risco de hospitalização dentre o público para o qual a vacina foi aprovada pela Anvisa. A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendam a vacinação de jovens, especialmente dos que vivem em regiões com alta intensidade de transmissão da doença.
Quem teve dengue recentemente deve ficar atento: é necessário um intervalo de seis meses a partir do início dos sintomas para tomar a primeira dose. Quem foi infectado antes de receber a segunda dose deve aguardar 30 dias desde o início dos sintomas para a vacinação.
Caso apresente sintomas como febre e dor no corpo antes de qualquer dose, é preciso passar por atendimento da equipe de saúde antes da vacinação. Pessoas que tomaram recentemente alguma vacina viva atenuada, como febre amarela e tríplice viral, devem aguardar 30 dias para receber a vacina da dengue.
A vacina não é indicada para: pessoas com imunocomprometimento congênito ou adquirido, incluindo aqueles recebendo terapias imunossupressoras tais como quimioterapia ou altas doses de corticosteróides sistêmicos dentro de quatro semanas anteriores à vacinação, indivíduos com infecção por HIV sintomática ou evidência de função imunológica comprometida; gestantes e lactantes; pessoas com hipersensibilidade grave aos componentes da vacina.
Com Agência Brasil