O vereador Leonel de Esquerda (PT), em conjunto com Thais Ferreira (PSOL), denunciou ao Ministério Público do Rio (MPRJ) a agressão sofrida pelo dançarino Júlio César Minilesk Ferreira, conhecido como Gugu do grupo Os Hawaianos, durante uma operação da Polícia Civil na Cidade de Deus, Zona Sudoeste do Rio. O encaminhamento dos parlamentares foi feito nesta terça-feira (23).
Segundo a denúncia, Gugu teria sido agredido por agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) na sexta-feira (19). O artista, que também é proprietário de um bar na Cidade de Deus, afirmou ter recebido socos e chutes, ter sido ameaçado e precisado levar cinco pontos no rosto, tudo na presença de sua família.
De acordo com relatos, o funkeiro foi detido temporariamente após a polícia encontrar drogas abandonadas por um suspeito em fuga no local. Gugu também relatou que a ação policial teria causado impacto emocional em sua família, incluindo seu filho adolescente, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Vereadores cobram responsabilização dos agentes
Na manifestação ao MPRJ, os vereadores pedem que sejam adotadas providências para garantir proteção ao cantor e à sua família, e para apurar a conduta dos agentes envolvidos, incluindo possível atuação do Núcleo de Apoio à Vítima (NAV).
Para Leonel, vice-presidente da Comissão de Combate ao Racismo da Câmara do Rio e presidente da Comissão Especial das Favelas, o caso evidencia a persistência do racismo estrutural, que atinge sobretudo moradores negros e de favelas.
“Esse caso evidencia, mais uma vez, a atuação seletiva das forças de segurança, que continuam associando cor e território ao crime. Trata-se de uma abordagem preconceituosa, que desrespeita a dignidade humana e reforça o estigma absurdo de que todo negro morador de favela é criminoso. É papel do Estado reparar e impedir que situações como essa se repitam. A gente não vai se calar”, afirmou Leonel de Esquerda.