ATUALIZAÇÃO 16/10 às 09h30 para inclusão do posicionamento de Yuri Moura
Apesar de a executiva estadual do PT reformar decisão do diretório de Petrópolis e determinar apoio a Yuri Moura (PSOL) no segundo turno, o diretório municipal afirma que não vai acatar a ordem. Além da dívida de R$ 200 mil deixada por Yuri segundo integrantes do diretório, contam que não engoliram o fator de o então presidente do partido ter demitido uma funcionária sem pagar os direitos trabalhistas — o que resultou em processo e até mandado de penhora.
“Não iremos acatar a decisão da Estadual, se quiser que destitua a executiva e o diretório municipal. Como é que nós, que temos o nome de Partido dos Trabalhadores, vamos aceirar que uma funcionária tenha sido tratada por ele como cachorro e jogada na rua sem direito a nada?”, indigna-se um dos membros, que prefere não se identificar.
Na semana passada, a executiva municipal decidiu liberar os militantes para votarem como quisessem porque não via como possível apoiar Yuri diante do histórico de má gestão dele no período que foi presidente, entre dezembro de 2013 a junho de 2017.
A executiva estadual entrou em campo para contornar a dissidência e publicou nota reformando a decisão do PT municipal. Agora, mesmo com a negativa em cumprir a ordem, o presidente estadual João Maurício, o Joãozinho, afirma que não haverá punições.
“É um movimento só de parte do diretório. Orientamos os filiados ao voto em Yuri porque é importante para o palanque do presidente Lula em 2026”, limitou-se a justificar Joãozinho.
Desocupação e processo trabalhista
O passivo ao qual a executiva municipal do PT se refere é uma ação de despejo do imóvel onde funcionava a antiga sede do partido na cidade. Yuri assumiu a presidência do PT em Petrópolis no final de 2013 e em meados de 2014 o Círculo dos Trabalhadores Cristãos, proprietário do imóvel, entrou na Justiça pedindo a desocupação e o pagamento de aluguéis atrasados. Segundo o processo, a inadimplência começou em janeiro, primeiro mês de comando de Yuri.
“A entidade utilizava esses alugueis para cuidar de crianças carentes. Entendemos que quando Yuri deixou de pagar o aluguel, ele retirou comida da boca de crianças carentes do alto Independência”, critica o integrante do diretório.
Em 2017, a 2ª Vara Cível condenou o PT de Petrópolis ao pagamento dos aluguéis atrasados e determinou a desocupação do imóvel. O ex-vereador Anderson Juliano e sua esposa, Cláudia, eram fiadores da locação e foram condenados solidariamente. Em consulta ao processo, há um ato ordinário datado de 2020 dando 15 dias para os réus pagarem o valor de R$ 171 mil, contudo a ação ainda consta como aberta.
Já no que diz respeito ao processo de demissão da funcionária, a consulta processual mostra que, em junho de 2025, a juíza do trabalho determinou pagamento de R$ 4.000,00 de indenização à ex-funcionária do PT de Petrópolis. Como o acordo não foi cumprido, foi expedido mandado de penhora “portas a dentro” para obter o valor.
Procurado para comentar a dívida e o processo de demissão da funcionária sem quitação dos direitos trabalhistas, antes da publicação desta reportagem, Yuri não se posicionou. Todavia, na noite de terça-feira, às 21h04, após o texto ir ao ar, Rafael Ferreira, que se apresentou como “representante jurídico da campanha” de Yuri encaminhou um comunicado sobre o tema. Eis a íntegra:
“Sobre a publicação do portal Tempo Real, nesta terça, dia 15, repudiamos as acusações de supostos membros do diretório municipal do PT Petrópolis, não identificados pela reportagem, de que existem dívidas no valor de R$ 200 mil ‘deixadas por Yuri Moura’. Lamentamos também que a reportagem dê como fato, um boato transmitido por opositores, conforme no trecho a seguir: ‘Além da dívida de R$ 200 mil deixada por Yuri, os integrantes não engoliram o fato de o então presidente do partido ter demitido uma funcionária sem pagar os direitos trabalhistas’. A afirmação é falsa e a nota que continha a inverdade já foi deslegitimada pelo órgão estadual do partido. Além disso, o PT Estadual reafirmou apoio à candidatura de Yuri em Petrópolis. Também não há nenhum comunicado oficial do diretório municipal sobre não seguir a orientação do diretório estadual da sigla. Pelo contrário, após a remoção da primeira nota de neutralidade, o diretório municipal replicou o comunicado da instância estadual, o que, portanto, não justifica o título da reportagem”.
POR FABIANA PAIVA E VITOR D´’ÁVILA