A relação entre o vice-prefeito do Rio, Eduardo Cavaliere (PSD), e a empresa Gabriel foi um dos temas da reunião da CPI das Câmeras, da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), nesta segunda-feira (11). Segundo o diretor executivo da companhia, Erick Castiglioni Coser, Cavaliere foi um dos fundadores da Gabriel, em 2019, mas se desligou da sociedade em 2020 para seguir carreira política.
O nome de Eduardo Cavaliere foi citado inicialmente pelo deputado Alexandre Knoploch (PL), presidente da CPI das Câmeras. O parlamentar afirmou que a empresa, um dos principais alvos da comissão, deixou a segurança pública, no que diz respeito ao monitoramento, refém da tecnologia da Gabriel e questionou se isso tinha relação com o vínculo da companhia com o vice-prefeito.
“O estado avalia que precisa da Gabriel, já que ela tem uma solução que o estado não tem. Então deixa de ser uma questão colaborativa. A Gabriel deu um xeque-mate empresarial. O estado acaba sendo escravo’”, afirmou Knoploch.
Relação com Eduardo Cavaliere ‘só atrapalhou’
Em resposta, Erick Castiglioni Coser confirmou que Eduardo Cavaliere foi cofundador da Gabriel, mas que a relação dele com o vice-prefeito, na verdade, “só atrapalhou” a empresa.
“Hoje, ter sido sócio do Eduardo Cavaliere só atrapalhou a Gabriel. Não há integração com a Civitas, com o COR [sistema e centro operacional da Prefeitura do Rio], nem com as forças de segurança do estado. Além de ser honesto, é preciso parecer honesto”, afirmou o diretor.
Procurado pelo TEMPO REAL, o vice-prefeito do Rio não havia se manifestado sobre as declarações até o fechamento desta reportagem. O espaço segue aberto para um posicionamento.
Sobre a CPI das Câmeras
Instalada em 16 de junho deste ano, a CPI tem como objetivo investigar, além das empresas privadas que atuam com instalação de câmeras em locais públicos, a ação de cooperativas envolvidas na recuperação de veículos roubados. A proposta foi apresentada por Alexandre Knoploch (PL), presidente da comissão.
Segundo Knoploch, a empresa Gabriel apresenta diversas irregularidades, principalmente relacionadas à falta de transparência, atuando sem licenciamento específico da prefeitura e sem esclarecimento sobre as autorizações formais ou os critérios legais adotados para a instalação dos equipamentos.
Sobre as cooperativas, a CPI busca possíveis ligações entre seguradoras, cooperativas e o crime organizado. Knoploch afirma que os altos custos dos seguros de veículos no Rio não são apenas consequência dos roubos, mas também de uma cadeia que, ao invés de proteger os clientes, utiliza parte dos valores pagos para alimentar práticas criminosas.
Os membros da CPI das Câmeras
Além do presidente, a comissão é composta majoritariamente por parlamentares da tropa de choque governista: Marcelo Dino (União) é o vice-presidente e Filippe Poubel (PL) o relator. Também fazem parte como membros titulares Rodrigo Amorim (União Brasil) e Luiz Paulo (PSD).
Os suplentes são Alan Lopes (PL), Renan Jordy (PL), Professor Josemar (PSOL), Thiago Rangel (Avante) e Sarah Poncio (SDD).