Após quase cinco anos de exigências técnicas, estudos rigorosos e simulações complexas, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) concedeu à Petrobras a autorização para perfurar o primeiro poço em águas profundas na Bacia da Foz do Amazonas. A decisão, embora esperada por muitos, provocou uma onda de reações, algumas delas francamente desproporcionais, por parte de setores ambientalistas que defendem uma transição energética imediata e radical.
Esses grupos, em sua maioria bem-intencionados, acusaram o Ibama e a ministra Marina Silva de cederem à pressão política, insinuando que a decisão teria sido tomada por conveniência e não por critérios técnicos. Tal acusação, além de injusta, é absurda. O Ibama, ao longo de todo o processo, demonstrou rigor, competência e independência institucional. Houve pressão política, sim. Mas, se tivesse agido sob pressão, não teria exigido da Petrobras uma série de planos de contingência, muitos deles revisados e reapresentados diversas vezes. Tampouco teria conduzido estudos de impacto ambiental, audiências públicas, reuniões técnicas e simulações de vazamentos e emergências com tamanha profundidade.
Mais ainda: o órgão ambiental impôs uma exigência inédita no país — a construção de dois Centros de Reabilitação e Despetrolização de fauna, localizados no Oiapoque (AP) e em Belém (PA). Trata-se de uma medida pioneira, que reforça o compromisso com a proteção ambiental e a capacidade de resposta em caso de acidentes. Diante de tantas exigências, todas atendidas pela Petrobras, é no mínimo mesquinho duvidar da autonomia e da seriedade do Ibama.
É preciso reconhecer que toda atividade econômica gera impacto ambiental. O papel do Estado, por meio de suas instituições, é garantir que esse risco seja minimizado a níveis aceitáveis, sem paralisar o desenvolvimento. E foi exatamente isso que o Ibama fez. Mesmo sabendo que o poço autorizado está a quase 500 quilômetros da foz do rio Amazonas — portanto, fora da área sensível do bioma amazônico — e ciente de que a Petrobras possui um histórico sólido de operação em águas profundas sem acidentes relevantes, o órgão desconsiderou esses fatores e impôs protocolos rígidos de segurança. Só após o cumprimento de todas as exigências, autorizou a perfuração. Cumpriu, portanto, sua missão institucional.
A Petrobras, por sua vez, é uma empresa séria, formada por técnicos altamente qualificados e comprometidos com a sustentabilidade. A empresa não ignora a necessidade de uma transição energética justa — ao contrário, trabalha ativamente para viabilizá-la. Mas também sabe que o petróleo continuará sendo uma fonte essencial de energia e matéria-prima industrial nas próximas décadas. Essa é a realidade mundial, e ignorá-la é flertar com o voluntarismo.
Enquanto grandes petroleiras internacionais recuam em seus compromissos de descarbonização e voltam a priorizar a produção de hidrocarbonetos, a Petrobras adota uma estratégia mais inteligente: utilizar a monetização de suas reservas para financiar a transição energética. Em outras palavras, transformar o petróleo em ponte para um futuro mais limpo, e não em obstáculo.
Recentemente, um respeitado articulista afirmou que “a exploração da Margem Equatorial tem grande potencial econômico, mas negar seus riscos ambientais é flertar com o autoengano. Além da ameaça de um vazamento de óleo, a atividade ampliará a queima de combustíveis, principal causa do aquecimento global”.
A crítica, embora legítima, parte de uma premissa equivocada. Ninguém negou os riscos ambientais. Eles foram reconhecidos e enfrentados com medidas concretas, como demonstram as exigências do Ibama. Além disso, é preciso separar produção de petróleo da sua queima. O que polui é o uso do petróleo como combustível, e isso continuará a ocorrer, seja com petróleo nacional ou, pior, com petróleo importado, se não tivermos produção própria.
Caso o petróleo da Foz do Amazonas venha a ser descoberto — o que não é garantido, já que a geologia pode surpreender — ele garantirá a segurança energética do país. Isso é estratégico, racional e ambientalmente mais responsável.
Por fim, há quem critique o fato de o licenciamento ter ocorrido próximo à realização da COP30, em Belém, sugerindo incoerência ou oportunismo. Essa crítica ignora que o processo de licenciamento começou há anos, muito antes de se definir a sede da conferência. Se houvesse qualquer interferência política, a decisão teria sido adiada para depois do evento, o que não ocorreu. Ao contrário, o Ibama agiu com autonomia e base técnica, como deve ser.
Em tempos de polarização e discursos inflamados, é fundamental que o debate sobre energia e meio ambiente seja pautado pela razão, pelo conhecimento técnico e pela busca de soluções equilibradas. E foi exatamente isso que vimos neste episódio.


Só um lembrete: a gente não fura poços; a gente fura rochas e constrói poços.
Eita, Campos, amigo há 57 anos, como bom especialista não resistiu a corrigir o meu deslise.
Abs
5 não, doze anos perdidos , enquanto isso nossos vizinhos ao lado batendo recorde de extração…..muita burocracia , ongs e interesses externos e internos em não desenvolver o norte e trazer desenvolvimento aos 6 estados do norte. A extração e centenas de quilômetros da costa e a Petrobrás não tem vazamentos a décadas.
Quando sairá o resultado da perfuração na costa do marajó e Amapá
Vamos buscar o ouro negro com muita responsabilidade e tornar o Brasil mais rico.
E deslizou novamente, pois deslize é com “z” e não com “s”!
Muito corretas as colocações do excelente articulista. Houve decisões acertadas e agora rezemos para que o petróleo esteja lá em grandes quantidades para a felicidade de todos os brasileiros.
Caro Alfeu. Pernambuco se orgulha do seu filho de São Bento do Una. Do seu colega Geraldo Miranda.
Grande Jandaia! Muito bom saber de você. E a nossa Caruaru?
Parabéns a Petrobrás pelo seu empenho em manter os seus projetos que trazem desenvolvimento, inovação tecnológica, emprego e renda para o Norte do país, especialmente. Não podemos nos iludir com os que dizem ser os defensores do planeta.
Até parece, isso ai é pra tampar os rombos dos cofres públicos, não chegaram para a população, lamentável.
É isso que eu gosto no governo Lula. Na reunião anterior, chegou com um discurso ambientalista e entrou pra OPEP. Agora vai sediar a COOP e vamos explorar mais petróleo. O socialismo é isso gente, toda cúpula é só de ricos mas vc não pode entrar pra esse clube.
Trabalhei na Petrobrás de 67 a 74, no tempo que a meta era produxir 200 mil barris/dia. Hoje são mais de 3 milhões barris/dia. Lembro de geólogos dedicados, morando por meses na Amazônia fazendo prospecção e estudos geológicos. A esses técnicos, não falta dedicação, conhecimento e compromisso c.a independência do Brasil como produtor de petroleo. Como falava Getulio Vargas: O PETRÓLEO É NOSSO!
Um país com grande número de pessoas ainda sem água encanada e esgoto, precisando de verbas do governo federal para projetos de habitação e infraestrutura, não pode abrir mão de suas riquezas, pois ainda deve muito à sociedade em todas as áreas. Após a exploração de nossas riquezas como iremos sobreviver? Precisamos investir pesadamente em educação, em tecnologia de ponta e em substituição de importações para garantir a sobrevivência de nossos descendentes…
O Ibama só liberou porque o Ibama é esquerdista e como agora o governo é esquerda foi liberado se trocar o governo o Ibama começa a questionar novamente
Cadê a ministra do meio ambiente agora para falar como antes
Nesse assunto, vc domina muito bem. Achei ótimo os
Olá, Alfeu. Seu lúcido pronunciamento, reforçado pelo fato de você haver sido diretor e presidente da Petrobras, merece ser levado em consideração. Esclarece uma questão polêmica, muitas vezes abordada por palpiteiros sem qualquer conhecimento do assunto.
Quando as ONGs internacionais estão por trás do Atraso do Brasil, o País não Desenvolve.
Estas ONGs são uma tremenda vergonha, que só servem pra atrasar o desenvolvimento do Brasil.
Por isso que não China não existe estes Lixos.
Penso que não se faz mais necessário destruir a natureza para encontrar fontes de energias limpas ! Por mais formação ” acadêmica ” que os consultores de ” Engenharia e Petróleo” possuam , na verdade só visam lucro, lucro e lucro !!! Quase sempre se esquecem que somos filhos da terra e fazemos parte da natureza ! E que terra deixaremos para os nossos herdeiros?
Os arautos do atraso não perdem a oportunidade de ficarem só pensando. Por que não procuram desenvolver um estudo científico para aproveitar beneficiamente o gás carbônico e o metanol? Por que sai caro? Todo desenvolvimento científico custa caro. Ou alguém pensa que o desenvolvimento da internet e redes sociais saíram barato?
Quando sairá o resultado da perfuração na costa do marajó e Amapá
É recorrente esse “argumento” de que nossos vizinhos estão explorando petróleo, blá, blá, blá… então se meu vizinho tem o hábito de roubar eu devo imita-lo? Isso é totalmente desarrazoado. O que eu faço deve ser ditado pela minha responsabilidade, consciência e conduta moral a lastreadas no respeito à vida, à natureza e aos direitos das pessoas e dos demais seres que fazem parte da natureza. Por mais que se faça acrobacias com palavras para justificar investimento em petróleo, isso é passado e nada tem a ver com o futuro urgente e crucial que precisamos: procurar diminuir ao máximo o consumo desse poluente e não aumentar em nenhuma gota a quantidade de óleo extraída hoje. Ao contrário, procurar diminuir ao máximo e acelerar ao máximo a produção das diversas formas de energia limpa.
Mas, se o nosso vizinho descobre a cura do câncer e nós temos as mesmas substâncias que ele usou, temos mais é que fazer o mesmo e distribuir o remédio para quem necessitar. A monetização do petróleo de hoje financiará o desenvolvimento das diversas fontes de energia limpa, atividades onerosas e sem recursos para serem viabilizadas. Não conheço ninguém que seja contra a as fontes limpas de energia, mas sem recursos vultuosos não existirão. E não esquecer que existem inúmeras aplicações do petróleo ainda sem sucedâneos. Mas respeito a opinião do Alcides.
Roubar não é atividade econômica pra vc fazer tal analogia!
Roubar é crime!
É de suma importância, saber que se o petróleo da Foz do Amazonas vier a ser descoberto, estará garantida a segurança energética do país, graças ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). O Ibama demonstrou enorme competência, ao exigir a construção dos Centros de Reabilitação e Despetrolização de fauna no Oiapoque(AP) e em Belém (PA). Assim sendo, estamos na expectativa da perfuração pela Petrobras, do primeiro poço em águas profundas, na Bacia da Foz do Amazonas. Parabéns pelo texto.
Parabéns pelo texto
De Petróleo vc entende muito bem
Alguém saberia informar onde foram parar os Corais da Foz do Amazonas que alguns anos atrás o IBAMA e outras ONGs proibiram a perfuração neste local???
Prezado senhor. Nos últimos governos ser presidente da Petrobras a nada recomenda. Li na integridade seu comentário e, com todo respeito, permito-me perguntar qual foi seu período de gestão na Petrobras. Att.
Acho exarcerbada a demora de 5 anos para a aprovação, muita dificuldade de consenso para dar desfecho ao processo gasto somente pela Petrobras e o Ibama. ( quando recurso finaceiro e humano a Petrobras gastou para provar que consegue explorar com segurança). Só entendi que a licença ia sair, quando li que várias fatias da margem equatorial estavam sendo leiloadas pela ANP, e que várias petroleiras estrangeiras que já estão explorando na margem equatorial nos países vizinhos estavam comprando. Agora as concorrentes estrangeiras copiam todo o plano de contingência, aproveitam algumas bases de apoio mantidas pela Petrobras( dizendo não haver necessidade de redundância) e iniciam a exploraração sem dificuldade alguma…. assim é fácil ….
“não sei para que gastar tempo, dinheiro, ficar submisso as burocracias deste País, sem dizer das roubalheiras, para a extração do Petróleo. Todos nós sabemos, que a Tecnologia está aí para todos (IA) e o futuro… futuro é e serão os carros elétricos….quem vai a Europa sabe do que estou falando….. Petróleo é coisa do passado…Vamos evoluir galera. Mas infelizmente, como há jogo de interesses de todos os lados, continuam batendo na mesma tecla. Se fosse um jogo de Xadrez, vocês levariam um Xeque Mate na segunda mudança da peça do Tabuleiro”…..sem mais
Eu não tenho dúvida que foi pressão política. Esses mesmos políticos que precisaram para obter a aprovação, foram os mesmos que lutaram contra, quando eles não eram governo(Lula, Marina e demais). Não foram estudos técnicos que os convenceram, não é assim que eles pensam, em nenhum projeto deles.
Agora é Parabéns ao IBAMA, se fosse no Governo do Presidente Jair Bolsonaro, iriam fazer musiquinha de salve a Amazônia, hipocrisia total, artista a base de Lei Rouanet e mídia parcial e enviesada a Esquerda, terrível a situação do Brasil.
Na verdade a demora é só pra primeiro desviar alguns milhões pra depois aprovar, pq nesse país é assim, até pra fazer algo em desenvolvimento do país, primeiro tem que roubar.
Espero que as medidas mitigadoras de impacto sejam cumpridas e que isso possa se reverter em beneficios, não só a em risco pro povo paraense e exploração. Não sigam.o modelo Barcarena de beneficios pra população.
Lucro = Morte
NÃO EXISTE UM PAÍS MAIS COMPLICADO QUE O BRASIL, POR MAIS QUE A NATUREZA NOS PRESENTEIE COM RIQUEZAS INCOMPARAVEIS EXISTE SEMPRE AQUELES QUE SEMPRE VÃO ATRASAR O DESENVOLVIMENTO DA NAÇÃO.
Muito corretas as colocações do excelente articulista. Houve decisões acertadas e agora rezemos para que o petróleo esteja lá em grandes quantidades para a felicidade de todos os brasileiros.
A decisão do Ibama sobre a Foz do Amazonas ocorre em um momento em que o Brasil busca protagonismo climático internacional, especialmente com a realização da COP30 em Belém.
Como você enxerga o impacto geopolítico dessa autorização na credibilidade do Brasil como liderança ambiental perante a comunidade internacional? Essa postura pragmática em favor da exploração de petróleo pode ser vista como realismo energético ou como contradição estratégica às metas que o país pretende defender na COP30?