Com o prefeito Eduardo Paes (PSD) 32 pontos percentuais à frente do segundo colocado, a três dias da eleição — segundo o instituto Datafolha — a obrigação de vencer o debate desta quinta-feira (04), organizado e transmitido pela TV Globo, era de Alexandre Ramagem (PL).
E, como urgência nunca foi boa estrategista, o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência resolveu apelar para sua única chance de ganhar impulso. Colou em Jair Bolsonaro, largou a mão de Cláudio Castro e radicalizou no discurso à direita — com a ajuda do partner Rodrigo Amorim (União).
Mirou bolsonaristas, evangélicos e indecisos, mas esqueceu de caprichar nas propostas e mandou várias bolas fora. Abusou de ideias generalistas; comparou o Mercado das Pulgas de Paris ao Camelódromo; e não explicou direito o que pretende fazer com o BRT. Sua frase mais impactante definitivamente foi um marco: “Quando a gente olha para a gestão Cláudio Castro, é uma gestão medíocre”. Pano rápido.
Livre das amarras de uma candidatura a sério — até porque a sua foi barrada horas antes pelo Tribunal Regional Eleitoral — o escada Amorim deixou para lá esse negócio de voto. Buscou consolidar a imagem bolsonarista, ajudar Ramagem e abusar da retórica recheada de manifestações já velhas no folclore da errática “direita” brasileira, como “tchutchuca de bandido”, “cavalo taradão” e “menines”.
Sem falar nas expressões chulas, que não combinam com debate político — bem, pelo menos, não combinavam. A vizinha São Paulo tem posto abaixo muito das antigas teorias.
Tarcísio Motta (PSOL) melhorou muito o seu desempenho em relação ao encontro promovido pela Band, pouco antes do início da campanha eleitoral. Não caiu nas provocações de Amorim, fez boa exposição de propostas e até conseguiu desenvolver algum diálogo, quem diria, com Marcelo Queiroz, do PP. Mas perdeu muito tempo defendendo sua candidatura do voo rasante do voto útil em Paes pregado por parte da esquerda, e encaixou menos a sua sempre boa verve irônica com os adversários.
Queiroz se despediu de forma um tanto melancólica da disputa. Defendeu projetos? Sim. Apresentou propostas? Sim. Até deu umas espetadinhas em Paes. Mas…
Paes fez uns golzinhos no debate
Experiente, o prefeito fez o que devia: jogou parado. Apresentou propostas o quanto pode, se defendeu aqui e ali — já que apanhou muito também — e deixou a turma embolada no meio de campo. Com a sorte de artilheiro, até fez uns golzinhos. Mas nada de encher os olhos — e nem precisava.