Um dia depois de o governo Eduardo Paes (PSD) aprovar em primeira discussão, na Câmara do Rio, o projeto que vai regulamentar o uso de armas pela Guarda Municipal, deputados ligados ao governador Cláudio Castro (PL) e ao presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar (União), foram ao microfone da Assembleia reclamar dos partidos que estão com um pé em cada lado da disputa.
Curiosamente, os descontentes disseram que é hora de “riscar o chão”. A mesma expressão foi usada pelo presidente estadual do PSD, Pedro Paulo, há 11 dias, quando o governo Paes sofreu uma derrota na Câmara. Na ocasião, vereadores do PT, que integra a base do prefeito, ajudaram a oposição a aplicar uma manobra regimental que atrasou a votação do projeto.
Paes venceu com a ajuda de parlamentares da base de Castro
Nesta quarta-feira (03), aconteceu o inverso. Paes só aprovou o texto porque a oposição, capitaneada pelo PL de Castro, não conseguiu as 17 assinaturas necessárias para apresentar uma emenda. E não conseguiu porque vereadores de partidos da base de Castro, como o PP e o MDB, ficaram ao lado do prefeito.
“Só uma coisa que eu concordo com o grupo do Eduardo Paes. O chão está riscado na politica fluminense. De um lado temos o nosso presidente Rodrigo Bacellar, e do outro temos o Eduardo Paes. Mas, na politica, tem gente que não honra o que veste. Tem partido aqui que tem a Secretaria de Esporte (referindo-se ao MDB) e votou no Paes. Eu não tenho dois papos. O meu lado é Bacellar”, disse Alexandre Knoploch (PL), abrindo a saraivada de críticas.
Felippe Poubel (PL), que falou em seguida, concordou.
“O chão tá riscado. Ou você está do lado do Rodrigo Bacellar ou do Paes”, disse Poubel. “Agora tem gente pedindo a bênção do Cláudio Castro e do Eduardo Paes”, protestou.
O novo líder do governo, Rodrigo Amorim (União), continuou na mesma toada.
“É necessário de fato riscar o chão, porque não dá para admitir um pé em cada canoa de forma alguma. Não dá para admitir aqueles que querem mamar na teta da prefeitura, que querem mamar na teta do governo do estado, e ficam empurrando essa situação com a barriga, no tempo que lhes é conveniente” disse Amorim.
MDB e PP são os principais alvos
Entre os partidos citados pelo trio, está o MDB, que comanda a Secretaria estadual de Esportes com Rafael Picciani, e a de Transportes, com Washington Reis— mas viu seus três vereadores, Rodrigo Vizeu, Vítor Hugo e Renato Moura, votarem com o PSD.
E o PP, que está há anos à frente da Secretaria estadual de Saúde, da Secretaria de Turismo e do IPEM (este último, nas mãos do deputado Dionísio Lins), mas acompanhou os seus vereadores Leniel Borel e Vera Lins serem decisivos para a vitória de Paes nesta quarta-feira.