O advogado Aguinaldo Ballon, presidente da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro, postou, nesta quinta-feira (17), em suas redes sociais, que a popular Cedae, “participa, em Pequim, da missão oficial do governo do Estado do Rio de Janeiro à China”. E dá-lhe fotos para provar.
“Hoje, estivemos no Conselho Chinês para a Promoção de Investimentos Internacionais (CCIIP), uma instituição estratégica que promove parcerias globais e fomenta a cooperação entre empresas chinesas e estrangeiras. Nossa presença fortalece o diálogo internacional e abre caminhos para oportunidades que impulsionem a infraestrutura e o desenvolvimento sustentável no estado do Rio de Janeiro”, disse o otimista presidente, na legenda das fotos.
Ballon só se preocupou em contar sobre a China quando já estava lá.

Questionada, em pelo menos duas ocasiões, a companhia estatal nunca se deu ao trabalho de explicar os objetivos da viagem — paga, claro, com recursos públicos. Aliás, nem quantos seriam os integrantes da comitiva da empresa, qual a programação, os custos, e o interesse da companhia — que, depois da concessão à iniciativa privada da maior parte dos serviços que prestava à população, ficou responsável basicamente pela captação, pelo tratamento e pelo fornecimento de água às concessionárias.
O TEMPO REAL perguntou à Cedae, no dia 11 de abril, quais os funcionários ou diretores embarcariam para a China; qual o roteiro (com as datas de cada etapa); qual o custo das passagens, diárias e traslados; e qual a justificativa para a viagem.
Diante do silêncio, o portal insistiu com as perguntas no dia 14. Mais uma vez, não houve resposta.
A comitiva do governador Cláudio Castro (PL) começou o périplo asiático por Dubai, nos Emirados Árabes, onde foi realizada a Lide Brazil Emirates Conference, encontro promovido pelo ex-governador de São Paulo João Doria. As informações sobre o governador não aparecem no Sistema Eletrônico de Informações do governo do estado (SEI-RJ) por alegados motivos de segurança.
Mas o secretário estadual de Meio Ambiente, Bernardo Rossi, por exemplo, solicitou autorização para se afastar do país entre 12 e 24 de abril, e integrar a comitiva. As informações sobre Rossi estão no SEI. Só para a compra das passagens, o custo estimado pelo moço foi de R$ 141.281,55. Pelas 13 diárias, mais R$ 25.312,58.
A Cedae, como é uma empresa (embora estatal, como já foi dito), não precisa publicar seus gastos no SEI. Mas, assim como a água que fornece, também tem a obrigação de transparência — tal qual a administração direta.
Por FÁBIO MARTINS e VÍTOR D’AVILA