Em audiência na Câmara do Rio, as secretarias de Cultura e Meio Ambiente apresentaram suas previsões orçamentárias para 2025 e foram alvo de críticas por parte de vereadores e representantes comunitários, que apontaram significativos cortes e questionaram as prioridades do município para o próximo ano.
Com orçamentos enxutos e metas ambiciosas, as pastas defenderam seus planos no encontro desta quarta-feira (06), mas enfrentaram pressão sobre a capacidade de atender às demandas da população.
Cultura
O secretário municipal de Cultura, Marcelo Calero, defendeu a previsão de R$ 32,9 milhões para a manutenção da rede cultural, afirmando que o foco é dar acesso à infraestrutura cultural.
“A rede não existe por si só. Todos os fazedores de cultura da cidade têm acesso a equipamentos de qualidade, que permitem e facilitam muito o desenvolvimento dos projetos”, argumentou.
A fala do secretário, no entanto, não convenceu todos os presentes, e a vereadora Thais Ferreira (PSOL) foi enfática ao questionar a falta de clareza no orçamento para políticas voltadas ao público infantojuvenil.
“Como a previsão orçamentária impactará, em 2025, as crianças e os adolescentes? A Secretaria de Cultura está inserida na garantia do direito de brincar na cidade?”, perguntou.
O secretario respondeu destacando as iniciativas específicas para a infância, mas a crítica de Ferreira ressalta um ponto delicado: o orçamento da Cultura continua enxuto, especialmente diante da demanda crescente. O vereador Alexandre Beça (PSD) também cobrou a manutenção da meta de apoiar 592 eventos culturais com um orçamento reduzido.
“Por que a despesa prevista para 2025 é bem menor que a de 2024?”, indagou.
Calero justificou que o processo de editais “não é trivial” e requer tempo, pois, o orçamento da pasta também conta com os recursos da Política Nacional Aldir Blanc.
Meio Ambiente e Clima
Já a audiência com a Secretaria de Meio Ambiente e Clima (SMAC), com orçamento previsto de R$ 99,3 milhões, trouxe à tona preocupações ainda mais agudas. A secretária Eliana Cacique apresentou o avanço no reflorestamento urbano, mas a redução do orçamento foi alvo de críticas da presidente da associação de moradores de Botafogo, Regina Girardier:
“Essa redução não se justifica num momento em que falamos de emergências climáticas. O que será dos nossos projetos e das nossas árvores?”.
A vereadora Tainá de Paula (PT), que já comandou a pasta — e está cotada para voltar — questionou se a cidade está preparada para os desafios climáticos que se intensificam.
“Nós não estamos ilhados nesse contexto. Outras cidades não estão se preparando. Se o Rio de Janeiro não fizer a sua parte, como vai sentar nas principais mesas do G20?”, provocou a vereadora, cobrando uma atuação mais robusta frente ao aquecimento global.
Em resposta, Cacique admitiu as limitações:
“A gente passou 2023 trabalhando e negociando orçamento para chegarmos ao que temos hoje, mas ele não dá conta nem de perto das políticas que a gente precisa implementar”.
A declaração expõe a realidade da secretaria que, mesmo com aumento em relação ao ano anterior, ainda lida com recursos insuficientes para enfrentar as demandas ambientais da cidade.
Ao final da audiência, a Comissão de Finanças encaminhou uma lista de questionamentos à SMAC, sinalizando que o debate sobre as limitações orçamentárias ainda está longe de ser concluído.