O prefeito Eduardo Paes (PSD) esteve na última sessão da Câmara do Rio antes do recesso, nesta quinta-feira (27), para receber o cheque simbólico de R$ 40 milhões de economias do parlamento doadas à prefeitura.
Eis que, aproveitando a presença do alcaide, alguns manifestantes se uniram na galeria para protestar. Colocaram tudo no mesmo bolo: armamento da Guarda Municipal, concessão do Jardim de Alah e de parques — este último, um projeto do vereador de oposição Pedro Duarte (Novo), mas que entrou na conta do prefeito.
“A praça é do povo”; “O Rio não está a venda”; “Não vai ter armas”!, gritaram, intercalando com vaias.
Irônico, o presidente Carlo Caiado (PSD) agradeceu: “obrigado, obrigado”.
Já Paes, com um sorrisinho, ficou exibindo o “checão” para a galera.
Confusão de paternidade
Um dos objetos da grita era o projeto de emenda à lei orgânica 22/2023, proposto por Pedro Duarte, para ceder ou conceder parques, praças e áreas verdes da cidade à iniciativa privada.
Só que, ainda que a iniciativa seja do partido Novo, o PSOL tem tentado colocar a proposta como de interesse de Paes e da Tainá de Paula (PT).
A confusão tem sido tão grande que a vereadora e ex-secretária de Meio Ambiente enviou vídeo, através das redes sociais, para explicar que ceder os parques ao setor privado não é ideia do prefeito e muito menos dela.
“A proposta do vereador Pedro Duarte é contraditória, e não tem nada a ver com o que a prefeitura já faz, que tem modelos de administração, mas que os parques continuam públicos. Se ceder à iniciativa privada, a gente não sabe isso vai ocorrer. Vamos votar contra, óbvio”, explicou Tainá, convocando a turma à galeria
A polêmica proposta, por fim, nem foi votada. A sessão caiu por falta de quórum. Agora, só em agosto.
‘Incoerente’
Pedro Duarte, por sua vez, defende o projeto e classifica como “incoerente” a posição de Tainá: “A prefeitura tem uma agenda de concessões de parques, o que minha proposta faz é dar segurança jurídica ao modelo. Contraditório é a Tainá, que assinou a concessão do Parque da Catacumba, enquanto secretária, dizer que vai votar contra o projeto agora”, criticou o oposicionista.