No mundo atual é inadmissível que exista alguém tão desinformado que não acredite no aquecimento global. Igualmente não se aceita que alguém discorde da necessidade imperiosa de eliminá-lo ou, pelo menos, reduzi-lo. O que se discute é como fazê-lo. E é neste contexto que o petróleo vem sendo demonizado.
Defende-se, com razão, a necessidade imperiosa da utilização de energia limpa, da descarbonização dos processos industriais e da substituição dos combustíveis fósseis. Notem que grafei substituição e não eliminação desse tipo de combustível, na maioria oriundos de petróleo, gás natural ou carvão.
Por outro lado, entendo que a tão decantada transição energética é – como o nome diz- uma TRANSIÇÃO, ou seja, é o processo da passagem de uma fonte de energia para outra. E como todos os processos, este também precisa de tempo para sua realização. Ironicamente, podemos dizer que não sendo café solúvel ou similares, inexistem processos instantâneos.
Nesse sentido, ao contrário do que muita gente tem sido levada a crer, TODAS as grandes companhias produtoras de petróleo JÁ estão investindo milhões de dólares nessa transição, seja descarbonizando seus processos industriais, seja desenvolvendo tecnologias para substituição de hidrocarbonetos como fontes de energia. Ou seja, estão investindo pesadamente na criação, pasmem! de uma originalíssima autoconcorrência, que deslocará parte dos seus produtos atuais.
Ora, essas atividades de capital intensivo têm sido financiadas através de reinvestimento de seus lucros. Lucros esses obtidos através da produção de quê? De petróleo e gás natural, é claro. E entre os especialistas do mundo inteiro há unanimidade de que a demanda por esses produtos ainda será crescente até meados da próxima década (algumas entidades arriscam falar em meados deste século).
Espera-se que esse tempo seja suficiente para que essas empresas continuem abastecendo seus clientes atuais e gerando caixa suficiente para investirem na transição energética, até atingirem seus futuros objetivos traçados atendendo às exigências ambientais.
Todavia, como o petróleo é um bem não renovável, torna-se necessário que novas jazidas sejam descobertas de modo a repor as reservas atuais, que estão sendo naturalmente reduzidas pela produção diária, até que as fontes alternativas, ora em desenvolvimento, possam substituir totalmente a parcela do petróleo utilizado como fonte de energia. E, repito, todos os produtores de óleo e gás natural, em todos os continentes, estão fazendo isso neste momento. Acertadamente, as empresas petrolíferas que atuam no Brasil fazem parte desse movimento.
Insisto neste ponto porque vejo muita gente pregando o fim imediato da exploração dos campos de petróleo parecendo não saber, ou fingindo não saber, que, além dos combustíveis que serão substituídos, o tão demonizado hidrocarboneto é usado na produção de tintas, graxas, plásticos, fertilizantes, tecidos, remédios, lubrificantes etc., produtos que jamais terão como matéria-prima a energia eólica, a energia solar, ou o incipiente e decantado hidrogênio verde.
Cada artigo do Alfeu é uma aula!!!! 👏👏👏
Entendi! Como não entender uma exposição tão clara e como não concordar com um posicionamento tão lógico e coerente. Mas fica a reflexão: nem tudo que parece bom o é em sua integralidade; da mesma forma, não existe nada totalmente ruim. O bom senso é o tempero, a paciência o apuro e a coerência o grande sabor. Parabéns ao Alfeu!!!
Com base nos ensinamentos ministrados no brilhante texto , me parece que teremos em um breve espaço de tempo que aprender a como viver sem parte dele , mas não sem ele , demonizado ou não .
A sabedoria ladeada pelo conhecimento, faz a dificuldade do simples, ser entendida. Pode-se equilibrar os vários fatores importantes para a vida no planeta, quando há vontade política. Esse é o desafio.
Excelente aula.