Às vésperas de completar um ano de funcionamento como a principal atração turística musical da cidade, o Roxy Dinner Show (antigo Cine Roxy) vai receber R$ 5,2 milhões em patrocínio da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae).
O contrato, válido por dois anos, já foi assinado e a despesa publicada no Diário Oficial do Estado.
Sediado num dos mais representativos imóveis do estilo art déco da Zona Sul, o Roxy apresenta um espetáculo nos moldes do Moulin Rouge de Paris e do Señor Tango de Buenos Aires, e se consagrou como um exemplo de sucesso e excelência como atração turística.
Serão pagos R$ 600 mil após a assinatura do contrato e o restante, R$ 4,6 milhões, dividido em 23 parcelas mensais de R$ 200 mil. O acordo prevê ainda uma série de vantagens para a Cedae como contrapartidas pelo patrocínio.
Entre os benefícios estão, por exemplo, a aplicação da marca da Cedae em campanhas publicitárias, ecossistema e mídias digitais, mobiliário urbano e anúncios impressos; e a exibição de filme institucional da companhia, de 15 segundos, antes de cada espetáculo promovido pela casa.
Cedae no cardápio do Roxy e convites semanais
Por fim, o acordo prevê a aplicação da marca da Cedae nos cardápios, não se limitando a um único evento específico, mas permanecendo presente ao longo do período do patrocínio; e 20 convites semanais do Pacote Copacabana disponibilizados à companhia.

Por FÁBIO MARTINS e VÍTOR D’AVILA
📌 Opinião
Um governo sério precisa ter coerência. É impossível cobrar responsabilidade fiscal de uns e, ao mesmo tempo, fechar contratos de milhões sem a devida justificativa. Quando o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes anunciavam medidas, por mais polêmicas que fossem, havia pelo menos um esforço em apresentar números, estudos de impacto e, principalmente, vantagens concretas para o Brasil. Cada decisão vinha acompanhada de justificativas e metas — para que o povo entendesse o porquê e apoiasse ou rejeitasse com base em informações.
No caso do patrocínio de R$ 5,2 milhões da Cedae ao Roxy Dinner Show, a forma como a notícia chega — praticamente direto ao Diário Oficial, sem debate público e sem uma explicação clara do retorno efetivo desse investimento para a população fluminense — gera desconfiança. Afinal, falamos de uma companhia estatal que, além de fornecer água, está no centro de negociações e ajustes fiscais do governo com Brasília.
Não se trata de ser contra o incentivo à cultura ou ao turismo, mas de exigir coerência e transparência. Se o Estado enfrenta dificuldades para cumprir metas, renegociar dívidas e organizar suas contas, é natural que a sociedade questione se esse é realmente o melhor destino para recursos públicos, sobretudo vindos de uma empresa estatal.
O mínimo que se espera é que o governador ou a pasta responsável apresentem um estudo técnico demonstrando:
• O impacto econômico esperado (empregos, turismo, arrecadação);
• Os benefícios reais para a imagem da Cedae e para os consumidores;
• A compatibilidade desse gasto com o momento fiscal delicado do Estado.
Caso contrário, passa a impressão de um governo que, enquanto critica a esquerda por gastos questionáveis, repete práticas semelhantes sem o devido respaldo técnico.
⚖️ Uma gestão equilibrada precisa de critério, planejamento e prestação de contas. Sem isso, qualquer contrato milionário soa como privilégio, e não como política pública.
Romildo Jucá Líder Evangélico e Gestor Publico.