Envolvidos no espetacular furto em um apart-hotel em Gragoatá, Niterói, o empresário Alexandre Ceotto e o advogado criminalista Luis Mauricio Martins Gualda, já estiveram nomeados como assessores parlamentares dos irmãos Amorim — o deputado estadual Rodrigo (União Brasil) e o vereador Rogério (PL). Ceotto teria planejado o crime, e Gualda, usando uma máscara de silicone, foi o executor.
Gualda estava lotado no gabinete de Rogério na Câmara do Rio até esta quarta-feira (14), e foi exonerado depois que o caso veio à tona. Pela função, que ocupava desde janeiro de 2023, recebia um salário líquido de R$ 15.805. Curiosamente, no depoimento à polícia no dia 7 de maio, ele admitiu ter participado do furto e justificou o ato dizendo que passava por dificuldades financeiras e precisava manter o seu elevado padrão de vida. Aos policiais, disse ser funcionário de uma empresa com sede em Niterói — mas não mencionou o cargo na Câmara.
Rogério Amorim disse que o exonerou assim que soube do crime, que o trabalho dele era externo e que não sabia que ele tinha outro emprego.
Já Ceotto — que foi candidato a vice-prefeito de Niterói, subsecretário estadual e diretor do Instituto Rio Metrópole — esteve nomeado na Assembleia Legislativa, como assessor de Rodrigo Amorim, irmão de Rogério, entre setembro de 2021 e janeiro de 2022. A Justiça emitiu, ontem, um mandado para a prisão do empresário, mas ele está foragido.
“Foi exonerado por minha determinação em 2022 e desde então não tenho mais nenhum contato com este indivíduo. Ele tinha sido subsecretário do governo e estava filiado ao PTB, o mesmo partido que eu, na época. Mas, nunca mais falei com ele. Até porque, ele foi para o partido Novo”, disse Rodrigo.
Sobre Gualda, Rodrigo disse que os Amorim conhecem o advogado há muitos anos, mas não imaginavam que ele se envolveria num crime:
“Ele é advogado, especialista em saúde, professor universitário, filho de desembargador, conservador no campo ideológico, família nobre em Niterói, foi procurador do município, irmão de cirurgiã plástica, já foi advogado do deputado Chico d’Angelo, do PT, etc. Como iríamos adivinhar que faria uma cretinice dessas?”
Tanto Gualda quanto Ceotto são muito bem relacionados, especialmente com a classe política de Niterói. Nas redes sociais, há fotos antigas deles com os Amorim, e com o deputado federal Carlos Jordy (PL). No entanto, Jordy e eles romperam — e a dupla passou a ser inimiga ferrenha do deputado.

O gabinete de Rogério Amorim divulgou nota:
“O advogado Maurício Gualda foi exonerado do gabinete do vereador Rogério Amorim assim que se tomou conhecimento dos fatos execráveis nos quais esteve envolvido. A conduta criminosa dele é inadmissível e não pode ser tolerada em hipótese alguma. O trabalho dele era externo e, entre suas funções, elaborava pareceres para projetos de lei e também representações feitas a órgãos públicos. O gabinete não tinha conhecimento de outro local de trabalho do ex-advogado. Pelo estatuto da OAB o advogado é um profissional liberal que só não pode atuar contra a Fazenda que o remunera.”
Ceotto teria informado a existência de US$ 1 milhão no apart-hotel
O crime aconteceu no dia 7 de fevereiro. Um homem, que segundo a polícia, seria o advogado criminalista Luís Maurício Martins Galda, foi flagrado pelas câmeras de segurança do apart-hotel, no bairro do Gragoatá, vestindo terno, luvas e uma máscara de silicone que imitava o rosto de um homem calvo. Durante quase todo o tempo, ele permanece com um celular no ouvido, indicando que falava com alguém.
Galda circulou em áreas de acesso exclusivo dos funcionários, seguiu até o apartamento e usou a força física para arrombar a porta. Toda a ação durou cerca de 18 minutos.
Segundo o advogado, Ceotto teria informado a existência de US$ 1 milhão no apartamento. Mas o ladrão só encontrou (e levou) dez relógios, avaliados em cerca de R$ 80 mil.
Segundo o advogado, Ceotto teria informado a existência de US$ 1 milhão no apartamento. Mas o ladrão só encontrou (e levou) dez relógios, avaliados em cerca de R$ 80 mil.
Máscara comprada pela internet
As imagens de câmeras de segurança mostram um homem careca, de terno, luvas e óculos escuros entrando no prédio. Era, na verdade, Gualda usando uma máscara de silicone – que cobria toda a cabeça e escondia o cabelo.
Em seu depoimento, Gualda afirmou que pagou cerca de R$ 1,8 mil para comprar a máscara, em uma plataforma internacional de compras virtuais.
Disse ainda que, após o crime, picotou o objeto em vários pedaços e jogou na lixeira do prédio.