Depois de anunciar um a um os novos secretários, usando as redes sociais — a mesma estratégia do programa Big Brother Brasil — o prefeito Eduardo Paes (PSD) fez uma postagem igualzinha à abertura do BBB, usando até a música tema do reality mais famoso da TV brasileira.
Mas as semelhanças não param por aí.
Paes também apostou na mistura de estilos para obter a “química” e mesclou famosos e desconhecidos (o pessoal do camarote ao da pipoca?). Atento aos nossos tempos, buscou ainda representatividade e, ao pé da letra, foi politicamente correto ao incluir os partidos que o apoiaram na briga pela reeleição.
Um Boninho para poucos botarem defeito.
A quinta-essência do equilibrismo
Ao mesmo tempo em que anunciou o dream team do capitalismo, com nomes alinhados ao liberalismo, como Maria Sílvia Bastos Marques, o prefeito escolheu a dedo (alternativo) o presidente o Instituto Pereira Passos (IPP, o IBGE do município). Elias Jabbour é militante de longa data do PCdoB, tem se destacado por suas posições favoráveis ao socialismo, defendendo regimes como os de Cuba, China e até Coreia do Norte e se opondo veementemente ao capitalismo e à concentração de riqueza.
Escalação simbólica — e a cara de um prefeito que consegue ser o candidato de Lula, e da federação PT-PV-PCdoB, ao mesmo tempo em que inunda as redes com anúncios para os evangélicos (do réveillon gospel à parque temático). Literalmente um pé em cada canoa.
Lugares quentinhos para os aliados
E por falar na federação de esquerda, PT-PV-PCdoB, Paes foi bem generoso com a maior parceira da reeleição. Surpreendentemente — ainda mais para quem é sempre criticado por só dividir com os seus — destinou quatro secretarias ao grupo (Meio Ambiente; Direitos Humanos e Igualdade Racial; Habitação e Economia Solidária). E ainda um cargo especialíssimo no segundo escalão, a Fundação Parques e Jardins.
Esperto, fechou questão com a ala mais poderosa do PT, a do vice-presidente nacional do partido, deputado federal e prefeito eleito de Maricá, Washington Quaquá.
Núcleo duro
O que não surpreendeu foi a manutenção de Guilherme Schleder, Daniel Soranz, Renan Ferreirinha, Didi Vaz… O núcleo duro como sempre. Pedro Paulo não volta, mas trabalha de longe pelo PSD e pela gestão.
A Família Paes
Também era esperada a escalada em direção aos evangélicos. A estratégia foi um sucesso na eleição e vai ser cristalizada ao longo dos próximos dois anos. A Secretaria da Família, com Otoni de Paula Filho (e o pai também) no comando, é a parte mais visível do planejamento.
Provocação?
Mas o que abalou a política foi a escalação de Rafael Thompson para a presidência da RioLuz.
O rapaz foi braço-direito do presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar (União Brasil). Mas os dois romperam. Daí os políticos terem lido a escolha de Thompson como uma provocação ao presidente da Assembleia.
Não é para duvidar — 2026 está logo ali, na esquina.