Presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Assembleia do Rio, o deputado Julio Rocha (Agir) propôs aos membros do colegiado, na manhã desta quinta-feira (20), que a votação sobre o processo ético-disciplinar de Lucinha fosse aberta à imprensa. Mas a maioria dos integrantes discordou e optou por uma reunião sigilosa, como as demais desde o início da análise do caso.
O presidente argumentou que, como o relatório e o voto individual devem ser publicados posteriormente, a abertura da reunião adiantaria a transparência e já ficaria clara a posição de cada parlamentar. Embora exista uma expectativa pelo arquivamento do processo, com quatro a favor de Lucinha, os membros do conselho não concordaram com a proposta. Com chegada da deputada por volta das 14h21, a reunião secreta começou em seguida. A imprensa ainda não está autorizada a subir até o andar onde os deputados estão reunidos.
O relator do caso é Vinicius Cozzolino (União) e o conselho é composto ainda por Martha Rocha (PDT), Dani Monteiro (PSOL), Renato Miranda (PL), Cláudio Caiado (PSD). Os deputados Dionísio Lins (PP) e Andrezinho Ceciliano (PT) são suplentes. Jorge Felippe Neto é titular, mas está fora do Rio e não participa da votação.
Bastidores
O argumento dos que preferem não levar o caso adiante seria o fato de o atual processo discutir apenas os indícios que levaram à busca e apreensão nos endereços da deputada, em dezembro do ano passado — e que, na ocasião, não teria sido apresentada prova contundente contra a deputada. Segundo as investigações da Polícia Federal que levaram à operação, Lucinha seria chamada de “madrinha” na milícia.
Mas os parlamentares afirmam que não estão na mesa dados novos que constem, por exemplo, da denúncia apresentada à Justiça no início desta semana. De acordo com deputados que preferem o arquivamento, se houver qualquer novidade do caso, um novo processo ético-disciplinar pode ser instalado a qualquer momento.
Denúncia do MP
Na denúncia apresentada na última segunda-feira (17), o Ministério Público também pediu um novo afastamento da parlamentar, o que já tinha ocorrido no final de 2023. Ela retornou em fevereiro deste ano após votação dos colegas da Assembleia Legislativa.
De acordo com a denúncia do Procurador-Geral de Justiça, Luciano Mattos, baseada nas informações coletadas durante a operação “Dinastia I”, Lucinha e uma ex-assessora Lucinha faziam parte do núcleo político da organização criminosa.
“Em múltiplos episódios, constata-se a clara interferência das denunciadas na esfera política, junto a autoridades policiais e políticas, ora para favorecer os interesses da organização criminosa, ora para blindá-la das iniciativas estatais de combate ao grupo e ora para livrá-los de ações policiais, garantindo a impunidade dos seus integrantes”, relata um dos trechos da denúncia.