O presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar (União), fez um duro discurso na abertura da sessão desta terça-feira (23), lembrando os episódios de violência, como arrastões e atos de vandalismo registrados no último fim de semana. Bacellar distribuiu bordoadas no governador Cláudio Castro (PL), no secretário da PM, Marcelo de Menezes, e no prefeito Eduardo Paes (PSD).
“Para quem não sabe, eu morei quase oito anos em frente à Praça do Lido, Nossa Senhora com a Rua Belford Roxo, e até o mais cego dos cegos consegue saber que do pôr do sol em diante, da Praça do Lido, até a Princesa Isabel, chegando no Rio Sul, é o ponto mais traumático, em que os menores infratores cometem o maior tipo de atrocidade possível”, começou o discurso.
Bacellar agradeceu o empenho na aprovação do pacote de medidas de segurança que propôs, disse que vai ao presidente da Câmara, Hugo Motta (REP-PB), pedir mudanças na legislação.
E passou a atirar para todos os lados.
“O que não cabe mais é passar e ver um monte de carro de Segurança Presente, e o policial está na porcaria do celular. Aqui a minha crítica eu faço ao comandante-geral da Polícia Militar. Fica para cima e para baixo andando com o governador. Tira essa porcaria dessa farda bonitinha, cheia de estrela, e vai para a rua no fim de semana. Porque tem uma frase, gente, que eu aprendi no interior, o boi só engorda com o olho do dono. Não adianta eu querer comandar a Assembleia, porque fui eleito pelos senhores, se eu dou o mau exemplo de entrar aqui todo dia uma hora da tarde. Se na hora crítica, eu não estou aqui para botar o peito na reta. A gente tem que dar exemplo. Está na hora de o comandante da polícia ir para a rua no fim de semana. Não preciso fardado não, bonitão não. Bota uma camisa da PM, verde-limão, branca, bermuda, não estou preocupado com que roupa ele vai”, desancou o presidente da Alerj.
Bacellar cobrou o posicionamento de Castro
Também sobrou para Castro — com quem anda estremecido há mais de três meses.
“Mas eu não vejo uma nota do governo, do comandante da polícia . Na segunda, eu não vi. Hoje é terça-feira, são três horas da tarde, e eu não vi até agora. E a cena se repete sempre. Sempre”, disse.
E Bacellar, lógico, não deixaria de fora o prefeito Eduardo Paes, seu principal adversário na pré-campanha pelo governo do estado em 2026.
“Mas pior é ver a omissão da prefeitura. Eu já falei dez vezes, eleição é só em outubro do ano que vem. Eu vejo o tempo inteiro, e aqui fica a minha crítica construtiva ao prefeito, um monte de trabalhador, coitado, que junta suas economias para vender sua cervejinha, vender seu camarão na areia, sendo pego de porrada pela tropa de choque da prefeitura. Quando podia fazer uma parceria com o governo do estado e auxiliar o Segurança Presente e a polícia, para dar o maior efetivo nas saídas de praia no Rio de Janeiro. E aqui eu falo Ipanema, Leblon, Copacabana, Leme, Barra da Tijuca, Recreio. É bem pequeno, dá para fazer se quiser”.
Por fim, mandou recado para todo mundo, de uma vez só.
“Eu estou chamando a atenção, porque eu já falei inúmeras vezes, quem está achando que eu estou preocupado em ser candidato vai se enganar e vai cair de cima da escada. Se há uma coisa que o presidente de vocês não tem é vaidade. Eu já falei e vou repetir, o dia que cargo e vaidade dessa palhaçada me prender, eu vou embora para a minha advocacia onde já fui muito feliz. Eu não sou preso à vaidade de cargo. Eu não sou submisso, eu não vou deixar de criticar. O meu silêncio está chegando ao limite. Porque, eu não sei vocês, mas eu tenho vergonha na cara e sou cobrado todo dia”, encerrou Bacellar.
A importância do pacote econômico
Bacellar falou, ainda, sobre o pacote de medidas econômico-tributárias enviado pelo governo e que começa, agora, a ser discutido na casa.
“Fiz um levantamento que talvez explique o vídeo que a gente viu em Copacabana. De janeiro de 2024 até hoje, foram investidos na Polícia Militar do Estado do Rio um bilhão e 49 milhões de reais. Investimento considerável e muito bacana. E, aqui entre nós, eu acompanhei a aquisição de viaturas semiblindadas, de fuzis, e um monte de outras coisas. Mas, em contrapartida, eu caí da cadeira quando levantei, e está aqui disponível, que o nosso famoso Proderj já alcançou, no mesmo período, de 24 até hoje, 1 bilhão e 700 mil reais. Só de ata, de adesão de ata, já tá dando 1 bilhão e 600 milhões e lá vai pedrada. Com mais R$ 179 milhões de orçamento. Então, com todo respeito, se a preocupação do estado é essa porcaria aqui de digital, é melhor eu pendurar meu pijama e ir embora daqui. Eu estou tendo vergonha de olhar que a Polícia Militar recebeu R$ 1 bilhão de investimento e o Proderj vai bater R$ 2 bilhões”, disse.