Quase faltou cadeira na reunião da CPI da Transparência da Assembleia Legislativa desta quinta-feira (12). Há quem diga que foi o número recorde de convocados, sete secretários estaduais de uma só vez. Ou o tema, o Rock in Rio. De certo é que, assim como no festival, os ingressos esgotaram.
Não foi à toa que o colegiado ganhou o apelido de “CPI do Fim do Mundo”.
Geraldinos
A turma do gargarejo, que ficou em pé em volta da mesa, lotou a sala. Até Rafael Thompson, ex-secretário estadual de Governo, hoje candidato a vereador e figura nem tão querida assim na Assembleia Legislativa, deu o ar de sua graça. Mas, como não é besta, ficou só um pouquinho e deu no pé.
Menos esperto, o gestor de Governança Socioambiental da Cedae, Allan Borges, deu mole e acabou… convocado para a próxima sessão. “O senhor está aqui assessorando alguém, ou como cidadão”, perguntou o relator da CPI, Rodrigo Amorim, no exato momento em que aprovaram pôr os gastos da Cedae com publicidade e patrocínios na mira da comissão. “Não estou assessorando não”, respondeu Borges. “Então, já que está tão interessado na transparência, como cidadão, pode vir na próxima sessão, prestar informações”. Pronto, lá vai o homem para a berlinda.
Na ponta dos pés
Quando o novo secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, pôs o rostinho na sala, a sessão já ia a pleno vapor. O moço chegou pé ante pé. Ele pode não ter culpa, mas a sua nomeação — e a demissão do antecessor, Marcus Amim — foi o que acendeu o pavio do dinamite instalado na ponte entre a Assembleia e o Palácio Guanabara. Curi falou e foi bem tratado pelos membros da comissão. Deve ter respirado aliviado.
Fez a egípcia
O secretário-chefe de Gabinete, Rodrigo Abel, foi várias vezes citado, quando os deputados elevaram o tom contra o subsecretário de Comunicação, Igor Marques. Não deu um pio. Fez cara de paisagem.
Advogado sem procuração
Chiquinho da Mangueira, o segundo suplente do Solidariedade que assumiu a cadeira na Alerj em julho, entrou numa de confrontar o subsecretário-bomba Victor Travancas e defender o governo. “O senhor é advogado?”, perguntou Travancas.
Meodeos!
Ao contar que esteve na primeira edição do Rock in Rio e pisou na lama, o deputado André Corrêa (PP) disse que é um sexagenário. “Cada vez mais genário e menos sex”. E a gente agradece por ainda estar com a audição em dia para ouvir isso.
Em casa
O deputado Márcio Gualberto (PL) vestia camiseta e tênis. Uau! Que moderno…
No cantinho do castigo
Travancas falou o que quis e escutou o que não que não imaginava. De Luiz Paulo (PSD), um sabão por ter declarado voto em Rodrigo Amorim. De André Corrêa (PP), um puxão de orelhas por ter entrado com habeas corpus para Rodrigo Abel e o subsecretário de Eventos e Relações Institucionais, Rodrigo Castro, nem participarem da oitiva. “Um desastre político”, disse Corrêa, governista de quatro costados.
Terra de contrastes
Enquanto o povo discutia Rock in Rio e a quantidade de ingressos distribuídos aos abonados, na maior animação, na sala ao lado, na mesma Assembleia Legislativa, era uma choradeira só. Estava cheia de crianças e adultos PCDs em protesto na CPI dos Planos de Saúde.