O candidato do PSOL à Prefeitura do Rio, Tarcísio Motta, admitiu que partidos de esquerda que fecharam com Eduardo Paes (PSD) fazem falta em sua aliança na eleição deste ano. A declaração foi dada durante sabatina realizada pelo RJTV, da TV Globo, na tarde desta quarta-feira (25).
PSB, PDT, PT, PCdoB e PV optaram por apoiar o atual prefeito. Tarcísio justificou que isto era parte de um acordo anterior entre Lula (PT) e Paes. Desse modo, partidos historicamente aliados ao PT decidiram seguir a posição do presidente, mas o deputado federal explicou que há grupos nessas legendas o apoiando.
“Fazem falta principalmente no tempo de TV. O PSOL é o maior partido de esquerda na cidade do Rio. Temos a maior liderança política do país que fez um acordo com Eduardo Paes e vai cumpri-lo. O Lula cumpre acordos, o Eduardo não. Esse acordo fez com que parte da esquerda decidisse seguir esse caminho. Mas tenho orgulho de ter votos de muitos petistas”, disse.
Indagado sobre o PSOL possuir maior parte de eleitores na Zona Sul do Rio, o prefeitável admitiu que o partido precisa ampliar sua participação em áreas de menor poder aquisitivo, como a Zona Oeste. Contudo, destacou que em 2022 já obteve votação expressiva em bairros da Zona Norte da cidade.
“Estou indo na Zona Oeste todos os dias para que a gente possa marcar presença nesses territórios. Fui o deputado federal mais votado em Irajá, Santíssimo e Madureira. Muitas vezes a direita manipula o voto do eleitor e a gente precisa chegar a esses espaços. É preciso aumentar os núcleos na Zona Oeste, participação em movimentos sociais e isso tem acontecido”, emendou.
Camelôs
Outro tema abordado foi o planejamento de Tarcísio em relação aos camelôs e ambulantes explorados pela chamada “milícia do asfalto”. O candidato afirmou que irá focar o combate nos líderes das quadrilhas enquanto buscará regularizar a situação dos trabalhadores que hoje são subordinados a esses criminosos.
“As operações não prendem milicanos do asfalto, mas apreende a mercadoria de quem está trabalhando. O camelô tem que ter uma licença transparente para trabalhar. O prefeito adora colocar isso nas mãos de vereadores da sua base para furar fila. O alvo de fiscalização e de investigação tem que ser o miliciano, não o trabalhador. Nós vamos transferir essa questão para a Secretaria Municipal do Trabalho, Emprego e Renda”, explicou.
Legalização das drogas
Pauta polêmica de seu programa de governo, a legalização das drogas foi outro tema abordado. O candidato entende que esta é uma atribuição federal, mas prometeu “posicionamento firme” pela descriminalização caso seja eleito. Contudo, se esquivou ao ser questionado se esse posicionamento atrai ou afasta o eleitor.
“A polícia enxuga gelo enquanto derrama sangue nas favelas cariocas. O cigarro de tabaco é regularizado e controlado. Por que a gente imagina que botar caveirão na favela vai resolver o uso abusivo de drogas? Quando você legaliza, controla, fiscaliza e arrecada impostos. Não é o prefeito que vai fazer isso, mas ele tem que se posicionar nesse debate”, destacou.
Outros temas
Em relação ao transporte, Tarcísio defendeu que haja cooperação com o Governo do Estado para fortalecer a malha ferroviária. Em habitação, prometeu regularizar imóveis do crime em favor dos moradores para sufocar a fonte de renda das quadrilhas. Também defendeu que hospitais federais não sejam municipalizados, mas que o município possa reforçar a mão de obra, além da realização de concursos por parte do Governo Federal.