ATUALIZAÇÃO às 14h42 para inclusão de posicionamento da Prefeitura do Rio
A ONG Rio de Paz voltou a cobrar do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), a volta dos cartazes em homenagem a crianças mortas por bala perdida, na Lagoa Rodrigo de Freitas, Zona Sul do Rio. Equipes da prefeitura retiraram a instalação, em dezembro do ano passado, afirmando que não estava autorizada.
No mesmo local, foi mantida outra instalação, em homenagem a policiais mortos. Isto também é motivo de questionamento por parte da Rio de Paz, que pede ainda a criação de um memorial em homenagem às crianças. A ONG emitiu um comunicado, em seus canais oficiais, nesta quarta-feira (29)
“Prefeito Eduardo Paes, por que manter a instalação em memória dos policiais mortos e retirar a das crianças que estava no mesmo local? Até quando as autoridades vão seguir com esses descaso com a morte de crianças por bala perdida no Rio?”, diz a ONG.
Prefeito não recebeu mães, afirma Rio de Paz
Na última semana, houve outro ruído entre a ONG e o prefeito. Um encontro entre mães das crianças e Eduardo Paes foi remarcado, de última hora, de quinta-feira (23) para sexta (24). Contudo, a nova data era inviável para as mães, que já estavam na prefeitura aguardando pelo mandatário.
Segundo a ONG, elas contaram que continuarão aguardando uma nova oportunidade de encontrar o prefeito, mas se sentiram desrespeitadas. A reunião seria justamente para tratar da volta das fotos das crianças mortas por bala perdida no mural da ONG, na Lagoa.
A Riod e Paz explicou que muitas famílias alteraram as suas rotinas para estar nesta quinta na prefeitura. O adiamento do encontro deixou as mães muito abaladas. Priscila Menezes, mãe de Thiago Menezes Flausino, morto aos 13 anos, por PMs, na Cidade de Deus, zona oeste do Rio, em 2023, lamentou.
“Tudo mexe com nosso emocional porque tudo é importante pra gente que perdeu um filho. Uma reunião com o prefeito mexe com a gente. Adiantei ontem (quarta) o almoço porque hoje (quinta) eu não estaria em casa. É o primeiro dia de trabalho da minha filha e não poderei estar com ela. Mais uma vez o prefeito desrespeitou o Thiago e as crianças”, lamentou.
O TEMPO REAL perguntou à Prefeitura do Rio sobre o caso. O governo municipal informou que está aberto para a marcação de uma nova data para a reunião.
Desde 2015, a ONG Rio de Paz utiliza um espaço na ciclovia da Lagoa Rodrigo de Freitas para realizar manifestações. Apesar de inúmeros pedidos dos moradores para que a ocupação fosse deslocada para outro local, o responsável pela ONG se recusa a atender às solicitações.
Há uma década, essa ocupação persiste, com a exposição de nomes de policiais mortos, fotos de crianças vítimas da violência e faixas com mensagens políticas. O uso de tragédias e do luto alheio como forma de garantir a permanência em um dos espaços mais nobres da Zona Sul do Rio de Janeiro é, no mínimo, questionável.
A recente tentativa da ONG de pressionar a prefeitura após a decisão de proibir a divulgação de votos de menores durante manifestações apenas reforça a necessidade de um debate mais profundo sobre os limites entre o ativismo e a exploração de temas sensíveis para fins políticos e institucionais.
Esse tipo de uso contínuo de um espaço público, sem qualquer consenso com a comunidade local, precisa ser revisto. Afinal, até quando o interesse de uma única entidade prevalecerá sobre o direito dos moradores e da cidade?