Neste domingo (16), é celebrado o Dia do Repórter. Nessa esteira, uma ONG chamou para si a responsabilidade de ajudar a inserir no mercado de trabalho uma população que, diariamente, sofre com o preconceito. A Rede de Jornalistas Pretos surgiu em 2018 para promover a diversidade na comunicação.
Criadora do grupo, a jornalista Marcelle Chagas do Monte, mestre em Comunicação Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF), explicou que, durante sua vivência em redações, percebeu a ausência de profissionais negros nesses espaços e se sentia solitária. Assim, ela entendeu o impacto disso na produção da informação.
“A rede surgiu a partir de uma comunidade dentro do WhatsApp em 2018. Eu já tinha passado por redações e me sentia sozinha, não via muitas pessoas parecidas comigo. Em um momento político tão conturbado, começamos a reunir jornalistas pretos que tiveram a mesma experiência que eu”, disse.
O grupo de WhatsApp evoluiu e se tornou uma ONG estruturada e reconhecida nacional e internacionalmente. Uma das novas ferramentas disponibilizadas pela rede, em seu site, é um banco de profissionais e de fontes para a produção de conteúdo.
“Trabalhamos com alguns pilares e um deles é a empregabilidade. Desde o início, nossa ação de mobilização em comunidade colocava em prática a questão do ‘um puxa o outro’. Lançamos um banco de oportunidades onde a própria pessoa se cadastra e o empregador procura o perfil que ele quer”, complementou.
Rede de Jornalistas Pretos recebe reconhecimento internacional
Um dos exemplos de reconhecimento internacional aconteceu recentemente. Marcelle foi uma das vencedoras do prêmio Columbia Women’s Leadership Network, promovido pela Columbia Global Centers. O programa selecionou 30 brasileiras que se destacam por suas contribuições transformadoras na sociedade.
“Para a gente é muito importante esse reconhecimento, primeiro porque a rede não traz uma perspectiva óbvia do jornalista preto no Brasil. A gente fura a bolha racial. Abordamos a questão da inclusão e diversidade no jornalismo como uma questão de manutenção da democracia no país”, acrescentou.
Atualmente, Marcelle é também pesquisadora da Mozilla Foundation e uma das realizadoras do prêmio “Mais Admirados Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira”. Por fim, ela comentou como se vê nas jovens jornalistas pretas que procuram a ONG em busca de um direcionamento profissional.
“Sempre penso na rede como um projeto que eu gostaria de ter tido acesso quando era uma estudante de jornalismo, mas não tive essa oportunidade. Fico muito feliz de poder, hoje, receber pedidos de inclusão vindo de profissionais de todo o Brasil”, concluiu.