A Prefeitura do Rio está mesmo segura da vitória na queda de braço com o governo do estado pela administração do Sambódromo. Pois já deu início ao projeto ambicioso de revitalização do principal palco do carnaval brasileiro.
O chamamento público para receber estudos voltados à requalificação da área foi publicado no Diário Oficial desta quarta-feira (30). A proposta prevê a demolição do Viaduto 31 de Março e a criação do Boulevard do Samba.
A iniciativa é liderada pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SMDE), com apoio da Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar). O objetivo é atrair projetos que contribuam para a requalificação e o desenvolvimento da área onde está localizado a Passarela do Samba, na Cidade Nova.
Sobre a revitalização
Pessoas físicas e jurídicas interessadas poderão apresentar estudos técnicos, jurídicos e econômico-financeiros que auxiliem a prefeitura a desenvolver uma solução urbanística integrada para a região. O chamamento divide os estudos em dois grupos.
O primeiro grupo prevê estudos para a demolição do viaduto e uma nova solução viária, com análise de tráfego, sondagens e orçamento. O ressarcimento pode chegar a R$ 2 milhões. O segundo propõe um modelo jurídico e financeiro para viabilizar a requalificação urbana, com estudos de mercado e ressarcimento de até R$ 1 milhão.

Sambódromo no centro de uma disputa judicial
O lançamento do chamamento ocorre em meio a uma disputa judicial envolvendo a gestão do Sambódromo. Nesta segunda-feira (28), a Justiça decidiu manter a liminar que garante à prefeitura o controle do espaço, suspendendo os efeitos da lei promulgada pela Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), que transferia a administração para o governo estadual.
A decisão ratifica a medida cautelar concedida no último dia 17 pelo desembargador Benedicto Abicair, relator da ação de inconstitucionalidade apresentada pelo prefeito Eduardo Paes (PSD).
“Destaco que não se está declarando nem a constitucionalidade, nem a inconstitucionalidade, mas sim a cautelar. Com base nisso, estou ratificando a concessão da ordem”, afirmou o magistrado, que foi acompanhado por todos os demais desembargadores presentes na sessão.
Disputa política sobre o Sambódromo
A proposta de mudança na gestão do Sambódromo partiu do deputado Rodrigo Amorim (União), líder do governo Cláudio Castro (PL) na Alerj. A lei foi promulgada pelo legislativo no dia 30 de junho, após a derrubada de um veto do próprio governador.
Como pano de fundo está uma disputa política mais ampla, que antecipa o cenário da sucessão estadual. De um lado, está a base do governador Cláudio Castro, que apoia a pré-candidatura do presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União), ao Palácio Guanabara. Do outro, Eduardo Paes, atual prefeito do Rio e apontado como principal adversário do grupo governista nas eleições de 2026.