A nomeação do vereador Felipe Michel na Secretaria de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida do prefeito Eduardo Paes (PSD) provocou um terremoto na aliança entre o PP, o PL, o União Brasil e o MDB. Ainda que Michel tenha se licenciado do PP (com data retroativa a 1º de janeiro) antes de aceitar o cargo, a leitura política do movimento foi a de aproximação do partido com o grupo de Paes — e que, com isso, o Progressistas quer manter um pé em cada canoa.
Para aplacar a ira dos coleguinhas, o PP argumenta que MIchel foi nomeado única e exclusivamente para abrir vaga na Câmara do Rio para Jorge Felippe, o ex-presidente da casa que, depois de oito mandatos consecutivos, não conseguiu se eleger em outubro. Segundo as explicações, Paes sentia-se em dívida com Felippe. Ao reassumir a prefeitura depois de Crivella, em 2021, ele apoiou Carlo Caiado contra o velho aliado. Para piorar, sem o lugar à mesa diretora, Felippe acabou enfraquecido e sem mandato em 2024.
As negociações entre o prefeito do Rio e o PP já se desenrolavam havia semanas. A pedido de Luizinho, Paes ligara para o governador Cláudio Castro (PL) e buscara convencê-lo de que o único interesse em jogo era o de ajudar Jorge Felippe.
Ao que tudo indica, deu resultado. Castro, que está sendo cobrado por integrantes da base, tem argumentado que nada muda. Que o Progressistas continua com o governo do estado e não com a prefeitura; que a Paes só interessava o gesto de gratidão com Jorge Felippe; e que todos — inclusive ele, governador — gostariam de ajudar o ex-presidente a recuperar seu espaço na Câmara do Rio.
Revolta
Deputados da base — principalmente os bolsonaristas — não engoliram os argumentos.
“O que aconteceu evidencia a falta de liderança do governador. O PP é um dos principais aliados, ocupa a sua maior secretaria. Não poderia estar com Paes, inimigo do governo”, disse um dos mais revoltados.
A nomeação também repercutiu entre os dirigentes partidários. Bruno Bonetti, presidente municipal do PL de Castro, publicou mensagem nada enigmática nas redes sociais, criticando o arranjo PP-Paes.
Se vale o ditado que política é gesto — e não intenção — a mudança de tom de PP-Felipe Michel deu margem a muitas críticas (mais do que dúvidas).