O prefeito Eduardo Paes (PSD) não pode encontrar um político amigo com tempo e disposição para ouvir suas queixas. Toda oportunidade é bem-vinda para o moço reclamar dos aliados na Câmara de Vereadores — que, como nunca antes na história, estariam atrasando votações de interesse do executivo municipal.
Um exemplo é o projeto para armar a Guarda Municipal. A proposta fazia parte do pacote enviado para o velho Palácio Pedro Ernesto no dia 17 de fevereiro — assim que foi aberto o ano legislativo.
Mas, até agora, só foi aprovado o projeto de emenda à Lei Orgânica (Pelom), e, mesmo assim, numa versão para lá de desidratada, que só incluiu a possibilidade de os guardas municipais usarem armas de fogo.
O que mexe mesmo com a vida da corporação e vai estabelecer as novas regras é o projeto de lei complementar (PLC). Mas este, nem tem data para começar a ser votado, tamanho é o número de emendas que deve receber, inclusive de integrantes da base.
E por falar em desidratado, Paes pediu autorização para empréstimos de até R$ 6 bilhões, mas levou a chancela para um endividamento quase três vezes menor, de R$ 2,2 bilhões. Também tenta emplacar logo um novo projeto de mais-valia e mais-valerá (que pode render bons cobres ao caixa municipal), mas a ideia está passando por longas discussões e audiências públicas.
Paes está diante de um parlamento mais aguerrido
O fato é que o prefeito encontrou uma casa legislativa diferente em 2025.
Por um lado, parte da base está insatisfeita por ter perdido espaço no governo. Por outro, a oposição, que nunca funcionou lá muito bem, agora está vitaminada por um PL barulhento e por vereadores mais experientes, como Paulo Messina (PL), e carismáticos, como Talita Galhardo (PSDB).
Ao que tudo indica, Paes ainda terá muitos motivos para queixas. Recomenda-se aos amigos que exercitem a arte de saber ouvir.