O prefeito Eduardo Paes (PSD) enviou à Câmara do Rio um pedido de autorização para contratar até R$ 6 bilhões em empréstimos — mais de 10% do orçamento de 2025. Até aí, nada de novo. Desde que reassumiu a prefeitura, essa é a sexta vez que solicita autorização para endividamento. Mas há um detalhe preocupante: o texto prevê que os contratos podem ser fechados “com ou sem garantia da União”.
Isso significa que, caso opte por operações sem o respaldo do governo federal, o Rio pode acabar pagando juros mais altos, assumindo um risco fiscal maior. Além disso, a prefeitura pode usar receitas futuras como garantia, comprometendo fontes de arrecadação que seriam essenciais para serviços públicos.
Projeto de Paes não detalha o uso do dinheiro
Outro ponto que chama atenção é a flexibilidade do uso dos recursos. O projeto não atrela os R$ 6 bilhões a qualquer plano específico, apenas cita áreas genéricas como mobilidade, habitação, infraestrutura e inovação. A oposição já questiona se a Câmara está sendo chamada a dar uma “carta branca” para Paes.
E tem mais: o projeto foi enviado em regime de urgência, o que pode limitar o tempo para análise e debate dos vereadores.
Se passar do jeito que está, o prefeito terá um amplo poder para decidir quando e como contrair a dívida. A conta, claro, fica para os seus sucessores — e, principalmente, para os cariocas — pagarem.