A lenda do futebol Mario Jorge Lobo Zagallo morreu no Rio de Janeiro, aos 92 anos, às 23h40 desta sexta-feira (5). Internado desde o fim de dezembro no Hospital Barra D’Or, Zagallo sofreu falência múltipla dos órgãos.
Zagallo estava aposentado desde 2006, após a Copa do Mundo da Alemanha. Ele foi a única pessoa a estar presente em quatro títulos de Copa do Mundo: em 1958 e 1962, como jogador, em 1970, como técnico, e em 1994, como coordenador técnico.
“Um pai devotado, avô amoroso, sogro carinhoso, amigo fiel, profissional vitorioso e um grande ser humano. Ídolo gigante. Um patriota que nos deixa um legado de grandes conquistas. Agradecemos a Deus pelo tempo que pudemos conviver com você e pedimos ao Pai que encontremos conforto nas boas lembranças e no grande exemplo que você nos deixa”, diz a nota de pesar publicada pela família no perfil de Zagallo nas redes sociais.
Com idade avançada, Zagallo vinha com a saúde fragilizada há alguns anos. Em 2022, ele foi hospitalizado com um quadro de infecção respiratória. Em setembro de 2023, ficou cerca de 20 dias no hospital com infecção urinária.
Viúvo desde 2012 de Alcina de Castro, Zagallo deixa quatro filhos: Maria Emilia de Castro Zagallo, Paulo Jorge de Castro Zagallo, Mário César Zagallo, Maria Cristina de Castro Zagallo.
Carreira
Alagoano de Atalaia, Zagallo foi morar na Tijuca, Zona Norte do Rio, quando tinha apenas 8 meses. Começou nas categorias de base do América, que tinha sede no bairro. Aos 18 anos, foi convocado para servir o Exército e estava fazendo a segurança das arquibancadas do Maracanã na derrota do Brasil para o Uruguai na final da Copa de 1950. Foi testemunha, portanto, do fatídico Maracanazzo.
Tornou-se profissional como ponta-esquerda e foi tricampeão carioca pelo Flamengo, de 1953 a 1955. Em 1958, conquistou a primeira Copa do Mundo da história do Brasil, com direito a gol na final contra a Suécia (5 a 2). Era apelidado de Formiguinha, por correr muito e ajudar na marcação do meio-campo – incomum para atacantes à época.
Quatro anos depois, já como atleta campeão pelo Botafogo, foi bicampeão mundial com a seleção como jogador na Copa da 62. Em 1964, iniciou a carreira de treinador pelo clube.
Meses antes da Copa de 70, assumiu a seleção e acabou comandando Pelé e companhia para o tricampeonato mundial. O tetra veio em 1994. Como coordenador técnico de Carlos Alberto Parreira, Zagallo participou da campanha na Copa dos Estados Unidos.
Em 1998, viveu o drama da derrota para a França na final, e foi criticado por não levar Romário ao Mundial. Ele se despediu da seleção em 2006, nas quartas de final, ao ser eliminado pelos franceses novamente.
Ao todo, foram cinco finais em sete Copas do Mundo disputadas, e o reconhecimento da Fifa, que lhe concedeu a Ordem de Mérito, em 1992, a mais alta honraria da entidade.