A Câmara do Rio voltou a debater nesta terça-feira (15) em segunda discussão, o projeto que autoriza o armamento da Guarda Municipal. A sessão começou sob protestos vindo das galerias e também discursos duros dos parlamentares na tribuna. O presidente da casa, Carlo Caiado (PSD), precisou chamar a segurança do plenário para acalmar os ânimos.
Leonel de Esquerda (PT), um dos sete vereadores que votaram contra o projeto ainda em primeira discussão, disse que repetir seu voto contrário é uma forma de “autodefesa enquanto homem negro e ex-camelô”.
“Já fui muito mais ‘sacaneado’ por agentes da segurança pública do que por bandidos”, disse Leonel de Esquerda.
Já o discurso de Felipe Boró (PSD) foi em sentido contrário ao colega de casa. Boró ressaltou que considera o Rio “atrasado” em relação a outras capitais brasileiras, que já contam com a guarda armada. E também pediu para que o armamento dos agentes possa ser integral, e não somente durante o expediente.
“A gente precisa deixar de lado a ideologia. Tem gente lá fora sofrendo com a falta de segurança pública no Rio de Janeiro. Como policial militar, digo que é muito importante o armamento da Guarda Municipal”, disse o vereador.
Rogério Amorim (PL) também contestou a fala do petista, e saiu em defesa da classe de guardas municipais. No entanto, aproveitou o espaço para reafirmar a posição do partido em não concordar com o projeto original do executivo, de criação da Força de Segurança Municipal (FSM), que considera uma forma de “força paralela e milícia do megalomaníaco” prefeito Eduardo Paes (PSD).
“Esta casa está empenhada com o armamento único e exclusivamente da Guarda Municipal”, disse o vereador.
Manifestantes contrários à guarda armada vaiam Amorim
Ao exaltar o armamento, e afirmar que “o lugar de vagabundo é no cemitério”, Rogério Amorim foi vaiado e saiu da tribuna aos gritos de “vagabundo”, vindo das galerias. Em resposta, o parlamentar sugeriu a distribuição de carteiras de trabalho entre os manifestantes presentes. E ainda afirmou que o agente que “abater” o primeiro bandido, receberá uma homenagem na Câmara do Rio.
O projeto de emenda à Lei Orgânica do Município (Pelom), capitaneado pelo vereador Doutor Gilberto (SDD) e já aprovado em primeira discussão, autoriza a Guarda Municipal a utilizar armas de fogo, e também abre espaço para que os agentes realizem ações de segurança pública, como policiamento ostensivo, preventivo e comunitário.
Segundo o texto, os guardas deverão receber treinamento específico para uso do armamento e poderão utilizar também equipamentos não letais para evitar agressões. Se aprovado em segunda discussão, o projeto seguirá para promulgação pelo presidente da casa, e modificará a Lei Orgânica do Município.