A terça-feira (23) vai ser intensa na política do Rio. Já estão marcadas, ao longo do dia, várias rodadas de mobilização contra a escolha do deputado estadual Eduardo Cavaliere para vice na chapa à reeleição do prefeito Eduardo Paes (PSD).
Oposição? Não. A discussão parte de pesos pesados do próprio partido do alcaide.
A notícia da retirada do nome do deputado federal Pedro Paulo da disputa surpreendeu zero pessoa. Até Paes — embora publicamente negasse com veemência e dissesse que o moço era o seu “plano A, B e C” — já havia concluído, há pelo menos duas semanas, que o antes favoritíssimo perdera as condições de ser o vice. A dúvida era: quando Pedro vai pedir para sair?
Apesar de saber que os adversários tinham o já famoso vídeo que poderia abalar a confiança da tradicional família carioca na dupla do PSD, o deputado não dava sinais de que deixaria a disputa. Apoiado pela mulher, a atriz Tati Infante, seguia impávido. Foi preciso uma conversa franca para o moço pegar a visão. Como se diz na política, alguém tinha de pôr o guizo no gato.
Aliados não querem Cavaliere
Se por um lado não houve surpresa, por outro a decisão demorou a ser tomada, o tempo ficou curto e a corrida agora será frenética para os apoiadores de Paes tentarem interferir na escolha do substituto. A maioria esmagadora dos vereadores e candidatos não quer Cavaliere de vice. Representantes do setor produtivo que lidaram pessoalmente com o moço, ex-secretário de Meio Ambiente e da Casa Civil, também não. Até servidores torcem o nariz. A turma pensa em pedir a ajuda de Pedro Paulo — que, apesar do mau passo, não perdeu a majestade, nem o posto de primeiro conselheiro do prefeito.
O difícil será convencer Paes. As outras opções perderam força no caminho: Guilherme Schleder não se entusiasmou com a tarefa; o nome de Carlo Caiado não entusiasma o… prefeito. O mandachuva costuma dizer que o presidente da Câmara, em que pese a trajetória política, não tem a verve necessária para assumir o comando do Executivo.
E, como se sabe, Paes não é gato de aceitar que alguém — seja lá quem for — lhe ponha um guizo.