Existe vida após a eleição. Muitos que tentaram o cargo de prefeito nas cidades do Grande Rio este ano já tinham outros mandatos, portanto, não tiveram tempo para lamentar e já voltaram integralmente ao trabalho — pelo menos é o que se espera. Enquanto isso, outros tentaram, sem sucesso, uma reeleição e curtem os últimos dias como alcaides.
Tão logo acabou o primeiro turno para a Prefeitura do Rio, vencido por Eduardo Paes (PSD), o segundo colocado, Alexandre Ramagem (PL) imediatamente fez as malas e voltou para Brasília/DF para dar sequência a seu mandato como deputado federal. Ele até fez uma declaração sobre a retomada.
“Eu retorno ao Congresso Nacional depois da nossa campanha à prefeitura. Quero agradecer pelos quase 1 milhão de votos que recebemos. Nós prosseguimos agora com nosso trabalho parlamentar de forma sempre técnica, combativa e responsável”, afirmou.
Depois disso, Ramagem ainda voltou ao centro das atenções. Ele foi indiciado, juntamente com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL); o general Braga Netto; o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Augusto Heleno; e o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, após investigação apontar tentativa coordenada de golpe de Estado em 2022.
A mesma atitude tomaram Tarcísio Motta (PSOL) e Marcelo Queiroz (PP), terceiro e quarto colocados, também deputados federais e que já “viraram a chavinha”. Ambos fizeram questão de frisar a sequência de seus trabalhos como parlamentares: “As lutas não param e não podem esperar”, disse Tarcísio. “A luta pelas pessoas e os animais do Rio continua”, destacou Queiroz.
Outro candidato derrotado no Rio que já virou a página foi Rodrigo Amorim (União), que teve a votação anulada após o Tribunal Regional do Rio (TRE) indeferir seu registro de candidatura. Ele segue como deputado na Assembleia Legislativa (Alerj), onde preside a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Outras cidades
Não foi só a capital que teve candidatos com mandatos em outras esferas do poder. Carlos Jordy (PL), derrotado por Rodrigo Neves (PDT) no segundo turno em Niterói, já retomou seu mandato de deputado federal. O mesmo fez sua arquirrival Talíria Petrone (PSOL), vencida ainda no primeiro turno, que também voltou a dar expediente na Câmara dos Deputados.
Outra cidade com segundo turno, Petrópolis viu Hingo Hammes (PP) sair vitorioso. Portanto, vida que segue para seus rivais: Yuri (PSOL) continua batendo ponto na Alerj. Derrotado ainda no primeiro turno, o atual alcaide, Rubens Bomtempo (PSB), agora passa seus últimos dias no executivo cuidando da transição para seu sucessor. Então, após a votação, procurou exaltar alguns de seus feitos.
“Mesmo com um mandato abreviado por uma injustiça, que nos tirou a chance de trabalhar por um ano, fizemos as mudanças necessárias para que Petrópolis pudesse respirar novamente. Nessas eleições, apresentamos propostas e fizemos uma campanha limpa. Enfim, a mudança que o povo pediu, em 2020 aconteceu e vai continuar até o final do nosso mandato”, lamentou.
Em Belford Roxo, a transição acontece em ritmo de treta. Embora não tenha sido candidato, pois já exerceu dois mandatos seguidos, o prefeito Waguinho entrou de corpo e alma na campanha do sobrinho Matheus, ambos do Republicanos. Todavia, o vitorioso foi Márcio Canella (União). O prefeito eleito busca na Justiça a realização de uma transição enquanto o atual alcaide tem priorizado construir alianças para os próximos anos, principalmente com o presidente Lula (PT).