O futuro dos parques públicos no Rio de Janeiro está sendo redesenhado a partir de uma aliança estratégica entre o poder público e a iniciativa privada. Esse foi o tom central do painel “Diálogo público-privado —Concessão de parques públicos e o mercado da construção”, realizado nesta sexta-feira (26), último dia do Rio Construção Summit. O encontro apresentou o caso do Jardim de Alah como símbolo dessa nova etapa: um projeto de revitalização inovador, sustentável e socialmente inclusivo, capaz de reposicionar o Rio como protagonista nacional em parcerias público-privadas.
A revitalização do espaço está a cargo da OPY Soluções Urbanas, que desenvolveu um projeto pioneiro no continente: o primeiro da América do Sul pré-certificado pelo nível Platinum do Sites, certificação internacional para paisagens sustentáveis. O arquiteto Miguel Pinto Guimarães explicou que a proposta integra arquitetura e urbanismo para criar soluções de cidades inteligentes, ampliando a área verde com o plantio de mais de 200 árvores, combatendo ilhas de calor e promovendo biodiversidade. Segundo ele, a essência do projeto é garantir um espaço público de qualidade, “mantido como público, mas viabilizado pela iniciativa privada”, conciliando sustentabilidade ambiental e inclusão social.

Modelagem de concessão dos parques foi feita em parceria com o BNDES
Para Osmar Lima, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico do Rio e presidente da Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar), a concessão do Jardim de Alah simboliza um novo tempo. Ele lembrou a manifestação favorável de moradores da vizinha Cruzada São Sebastião, destacando a força da participação comunitária. “Foi a primeira vez que vi uma manifestação pública na rua a favor de um projeto”, disse. Osmar ressaltou ainda que a modelagem das concessões, feita em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), garante consistência técnica e atratividade para investidores.
“Bons contratos geram bons projetos que trazem bons investidores. Daí vem a bancabilidade”, afirmou, acrescentando que o Rio tem hoje o melhor portfólio de parques do país.
A previsibilidade e a segurança são fatores decisivos também para o setor privado. Vinícius Benevides, vice-presidente do Sinduscon-Rio, lembrou a experiência bem-sucedida do Parque Madureira, construído em área densamente ocupada e hoje referência nacional.
“Foi um caso de sucesso e se tornou modelo para outros parques urbanos da Prefeitura. A concessão é o caminho, porque garante planejamento estratégico, credibilidade e segurança jurídica”, avaliou, ressaltando que a segurança pública também precisa caminhar junto para garantir confiança ao investidor.
Na visão de Diego Vaz, secretário municipal de Conservação e Serviços Públicos, o desafio está em conectar cada espaço à sua vocação. Ele citou exemplos como Nossa Senhora da Paz e Praça do Lido, que permanecem como praças, mas sem atender plenamente às expectativas dos moradores, em contraste com áreas como a Praça da Penha, que têm potencial de se transformar em polos de lazer.
“Essa conexão na ponta, com o morador, demanda tempo e trabalho, e é justamente para isso que servem as PPPs”, afirmou. Vaz destacou ainda que as concessões desoneram a Prefeitura, permitindo que recursos antes destinados à manutenção sejam aplicados em outras áreas prioritárias da cidade.
A sustentabilidade financeira e ambiental foi outro ponto central da discussão. O projeto do Jardim de Alah, por exemplo, prevê integração com escolas e clubes do entorno, promovendo atividades culturais e esportivas para crianças e jovens das comunidades vizinhas. Para Miguel Pinto Guimarães, essa dimensão social é essencial para transformar o espaço em um parque vivo e conectado com a cidade.
“A democratização do espaço público passa por projetos que respeitam o ambiente natural e promovem inclusão”, reforçou.
Osmar Lima completou lembrando que o modelo adotado no Rio já é referência para outras cidades brasileiras. “O que estamos fazendo é reposicionar o Rio como protagonista em PPPs e concessões. O diálogo com a iniciativa privada é o que garante consistência e robustez ao programa”, afirmou. Para ele, a confiança construída em torno das concessões abre espaço para novos investimentos e para que o Rio retome o lugar de destaque que merece no cenário nacional.
Ao final, os participantes reforçaram a necessidade de ampliar os espaços de diálogo para consolidar parcerias que tragam benefícios duradouros à população. Como sintetizou Benevides, a meta é “construir um Rio de ainda mais oportunidades”, onde a conservação de áreas públicas se converta em qualidade de vida, desenvolvimento urbano e legado ambiental.