Em 28 de janeiro de 1997, há 28 anos, morreu Antônio Callado, um dos escritores mais combativos à ditadura militar, aos 80 anos. O romancista, biógrafo, dramaturgo e jornalista nasceu em Niterói no ano de 1917 e foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1994, na cadeira deixada por Austregésilo de Athayde.
Antônio Callado trabalhou como repórter e cronista, no jornal “O Correio da Manhã”. Durante a Segunda Guerra Mundial, em 1941, foi contratado pela BBC de Londres como redator, trabalhando até maio de 1947. Trabalhou também, nesse período, no serviço brasileiro da Radio-Diffusion Française, em Paris.
De volta ao Brasil, voltou a seu antigo emprego no “Correio”, chegando ao cargo de redator-chefe entre o período de 1954 a 1960, e também passou a colaborar com o jornal O Globo. Ainda em relação à sua carreira jornalística, chegou a ser redator do “Jornal do Brasil”, que o enviou, em 1968, ao Vietnã em guerra. Aposentou-se como jornalista em 1975, mas continuou a colaborar na imprensa. Em abril de 1992 tornou-se colunista da Folha de S. Paulo.
Além das atividades jornalísticas, dedicou-se sempre à literatura. Após seus dois primeiros romances, Assunção de Salviano (1954) e A madona de cedro (1957), estão Quarup (1967), Bar Don Juan (1971), Reflexos do baile (1976), Sempreviva (1981). Levada ao cinema em 1989 por Ruy Guerra, a narrativa de ‘Quarup’ transcorre entre o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, e o golpe militar de 1964.
Além de deixar um legado eterno para a literatura e o jornalismo, Callado também dá nome a um centro cultural localizado em sua cidade de origem, Niterói. Atualmente, o imóvel abriga não só o Abrigo dos Bondes – Espaço Antônio Callado, como algumas lojas.
Espaço Antônio Callado
O Espaço Antônio Callado fica na Rua Marquês do Paraná, entre a Rua São João e a Rua Marechal Deodoro, no Centro de Niterói. E edificação foi construída entre 1906 e 1907, no antigo Largo da Detenção, pela Companhia Cantareira Viação Fluminense, para abrigar a usina geradora de eletricidade e as oficinas reparadoras dos bondes elétricos de Niterói, que, no ano anterior, teve seu sistema de tração animal convertido em elétrico.
Por seu valor histórico e arquitetônico para a cidade, em 7 de abril de 1993, a prefeitura tombou provisoriamente o imóvel. Mais tarde, um acordo com uma rede de supermercados permitiu a criação do centro cultural, inaugurado em 10 de junho de 2009. A empresa revitalizou o prédio e foi autorizada a instalar uma de suas lojas no terreno anexo.