Novas imagens mostram os detalhes do assassinato do empresário e assessor parlamentar Marcelo dos Anjos Abitan da Silva, na entrada de um hotel na Barra da Tijuca. Um dos vídeos, obtidos pela TV Globo, mostra o antes e o depois do crime: o policial civil Raphael Pinto Ferreira Gedeão atira à queima-roupa em Marcelo, que andava na direção do atirador durante uma discussão.
Marcelo era assessor parlamentar da vereadora Vera Lins (Progressistas) e estava hospedado com a família no Hotel Wyndham desde o réveillon. Raphael, que já trabalhou na Assembleia Legislativa (Alerj), no gabinete do deputado Val Ceasa (PRD), morava no local havia pelo menos seis meses.
O crime
Imagens de câmeras de segurança mostram que, às 2h37 do dia 19 de janeiro, o policial civil chega de carro à cancela do hotel. Ele fica por três minutos tentando o acesso, mas não consegue entrar. Então, deixa a pick-up preta parada e sai. Às 2h42, ele entra andando calmamente no corredor do apartamento.
Um minuto depois, às 2h43, Marcelo chega com o carro branco e para atrás da pick-up, pisca o farol e depois buzina algumas vezes, segundo testemunhas. O motorista, no entanto, não está ali. Às 2h46, o policial aparece novamente no corredor saindo de casa com dois cachorros. Três minutos depois, as câmeras da frente do hotel mostram Raphael voltando do passeio com os animais.
Ele é avisado por um funcionário que tem um carro tentando entrar no estacionamento e a pick-up dele está impedindo. Nesse momento, às 2h50, Raphael e Marcelo começam a discussão. Ambos parecem exaltados. Em determinado momento, ao perceber que Marcelo se aproximando, Raphael pega uma pistola, aponta para o vizinho e ordena que ele se afaste.
O empresário, no entanto, avança, a passos curtos, em direção ao policial, que faz um primeiro disparo na barriga de Marcelo. A vítima põe a mão na ferida, grita e vira tenta correr na direção oposta. Ao se virar, leva mais dois tiros nas costas.
De acordo com testemunhas, após ser alvejado, antes de morrer, Marcelo repetiu: “Pra que isso? Pra que isso?”. Em seguida, uma testemunha teria dito a Raphael: “Irmão, desnecessário. Não precisa disso”. E o policial teria respondido: “Tentei falar com ele e agora deu nisso aí. Agora, chama a polícia”. O policial, em seguida, foi para casa trocar de roupas e, logo depois, fugiu do local.
Um funcionário socorreu o empresário e chamou o Corpo de Bombeiros, que atestou a morte de Marcelo ainda no local. Imagens das câmeras de segurança mostram que, após matar o empresário, Raphael ainda ficou cerca de 10 minutos no hotel antes de sair por uma outra saída. Uma funcionária que controla a cancela identificou que era o carro do policial e não abriu a passagem, mas ele acelerou o veículo e quebrou o obstáculo.
Causa da morte foi hemorragia interna
De acordo com o laudo do Instituto Médico-Legal (IML), Marcelo foi morto após levar três tiros, sendo dois nas costas. Os peritos constataram que a causa da morte foi uma hemorragia interna provocada pelos disparos.
Um dos tiros que atingiu Marcelo de frente transfixou o abdômen. Segundo peritos, os projéteis percorreram o corpo da vítima e provocaram perfurações em órgãos vitais, como fígado, rim, pâncreas, alças intestinais e estômago.
A DHC pediu a prisão de Raphael. Na decisão, o juiz afirmou que a agressão contra a vítima foi motivada por uma discussão banal e com extrema desproporcionalidade, o que indicia que o assassino é extremamente violento.
Ele se apresentou à polícia na terça-feira (21) e foi transferido para a Cadeia Pública Constantino Cokotós, em Niterói, destinada a policiais civis e penais.