De nada adiantou denunciar ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) ou gravar vídeos para tentar confirmar presença na Câmara de Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Vereadores ligados ao prefeito Waguinho (Republicanos) relatam que continuam sem receber salários desde o início do ano.
Como o presidente Markinhos Gandra (PDT) havia justificado que só recebe quem trabalha, Danielzinho (Republicanos) tinha adotado a estratégia de abrir vídeos ao vivo ou fotografar assinando o livro de presença. Sem sucesso. A conta continua zerada. Para Danielzinho, trata-se de retaliação.
“O presidente da Casa abusa das suas prerrogativas ao cortar todo o subsídio dos vereadores que fazem oposição, pois a atividade parlamentar engloba um conjunto de ações e atividades em favor da população que extrapolam as paredes do prédio da Câmara Municipal. O Gandra quer sufocar financeiramente os vereadores, inviabilizando o exercício do mandato, e, de forma antidemocrática, interferir no pleito que se avizinha”, critica Danielzinho.
O presidente, por sua vez, continua afirmando que “Quem trabalhou, recebeu. E que o (vereador) tira foto “para tentar induzir ao erro e enganar a imprensa”.
TCE de olho
A falta de pagamento, bem como nomeações e demissões feitas pelo presidente foram denunciadas por Danielzinho à Corte de Cortas e ao Ministério Público. Ele afirma que Gandra nomeou 134 comissionados, que a Câmara sequer teria espaço físico para comportar, e que não há transparência sobre onde estão e quanto ganham.
Segundo Danielzinho, houve ainda “aumento dos valores das remunerações e o reajuste dos auxílios alimentação e transporte para atender os interesses do grupo de vereadores do G 13” — que vem a ser aqueles ligados ao deputado estadual Marcio Canella (União).
No fim de maio, o TCE deu prazo de cinco dias para o presidente publicar as folhas de pagamentos dos funcionários da casa, incluindo gratificações e benefícios.
Disputas antigas
A Câmara de Belford Roxo é conhecida pelas constantes brigas e disputas. O próprio Danielzinho, que fazia oposição a Waguinho e hoje é do mesmo grupo do prefeito, já foi despejado do próprio gabinete por outros vereadores. Sofreu processo de cassação e voltou ao mandato por decisão judicial.
As confusões se intensificaram após o racha entre Waguinho e Canella. A maioria (13 vereadores) está ao lado do deputado estadual, enquanto os 12 que se dizem perseguidos são do grupo do prefeito.
O desentendimento entre eles teve início depois que Waguinho anunciou o apoio à pré-candidatura do sobrinho, Matheus Carneiro, quando a expectativa de Canella – ex-vice e secretário de Waguinho – era que ele fosse escolhido para receber o apoio. Desde então, a briga tem impactado em todas as esferas do poder público local.