O deputado estadual e candidato a prefeito de São João de Meriti Valdecy da Saúde já homenageou, na Assembleia Legislativa, Bernard Rodrigues Soares, um dos presos pela Polícia Federal nesta quinta-feira (12), na operação que mirou em quadrilha especializada em divulgar notícias falsas contra candidatos a prefeito que funcionava pelo menos desde 2016.
Atual presidente municipal do União Brasil de São João de Meriti, Bernard era secretário de Comunicação e Eventos do prefeito Dr. João (PL) quando, em 13 de maio de 2021, recebeu a moção de aplausos e congratulações proposta por Valdecy na Alerj.
Na justificativa, o deputado citou que Bernard era um empresário com mais de “10 anos de experiência na área de comunicação, marketing, eventos e logística” e que desenvolveu diversas campanhas publicitárias de eventos, além de ter exercido atividades político-partidária”.
Lembrou que Bernard já prestou assessoria em diversos municípios e, em São João de Meriti, desenvolvia uma “política de comunicação externa e interna do executivo municipal, o que facilita a difusão e promoção das iniciativas sociais, econômicas e culturais de nosso município”.
Como a quadrilha atuava
O município de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, foi o principal alvo da operação Teatro Invisível. Mas a atuação do bando se estenderia também às cidades de Araruama; Belford Roxo; Cabo Frio; Carapebus; Guapimirim; Itaguaí; Itatiaia; Mangaratiba; Miguel Pereira; Paracambi; Paraty; e Saquarema.
As investigações revelaram que a organização criminosa, por meio de seus líderes desenvolveu um sofisticado e lucrativo esquema baseado na contratação de pessoas com o objetivo de influenciar no processo eleitoral de diversos municípios.
Tais contratados, após receberem as instruções dos coordenadores para propagar notícias falsas sobre um determinado candidato à prefeitura municipal, passavam a circular diariamente pelo município, infiltrando-se em locais com aglomerações, como pontos de ônibus, padarias, filas de bancos, bares e mercados, espalhando falsas afirmações sobre um determinado postulante ao cargo de prefeito, no intuito de beneficiar o candidato para o qual o serviço criminoso fora contratado.
Os atores contratado recebiam R$ 2 mil por mês para exercer tal função, já os coordenadores, R$ 5 mil, além de serem contratados pela própria Prefeitura Municipal. No ano eleitoral, quando o esquema entrava em vigor, os coordenadores eram exonerados de seus cargos e substituídos por “laranjas” – possíveis funcionários fantasmas –, a fim de manter o “direito” sobre eles.
De acordo com a PF, a “campanha” de propaganda criminosa possuía um processo de aferição de resultado incluído no seu planejamento por meio da elaboração de relatórios diários das atividades, com a especificação da quantidade de eleitores abordados por dia, número de votantes em cada candidato e o total de conversões feitas em benefício do candidato que contratou o serviço.