O vereador Flávio Valle (PSD), um dos queridinhos do prefeito Eduardo Paes (PSD), protocolou um projeto de lei para considerar a Rua Arnaldo Quintela — o reino dos bares em Botafogo — “de interesse turístico, cultural e social”.
O texto, assinado pelo ex-subprefeito da Zona Sul, foi publicado no Diário Oficial desta segunda-feira (12).
Resta saber os moradores vizinhos ao “fervo”, que levou o trecho do bairro a ser apelidado de BotaSoho, vão achar das medidas. Embora reconheçam que a onda dos bares qualificou um trecho do bairro antes decadente, muitos reclamam do barulho intenso, do trânsito caótico e das calçadas frequentemente ocupadas.
E se o projeto for aprovado, os bares da Arnaldo Quintela e arredores passam a obedecer uma legislação específica mais branda — cujos dispositivos buscam desenvolver o potencial local. “Poderão realizar atividades recreativas, musicais, gastronômicas e culturais que impliquem a promoção e venda de seus produtos”.
“Sua atmosfera boêmia, acolhedora e autenticamente carioca atrai turistas brasileiros e estrangeiros em busca de uma vivência cultural rica e próxima do cotidiano local. Bares com identidade própria, restaurantes que exaltam a culinária brasileira e internacional, além de uma programação musical diversificada, fazem da rua uma parada obrigatória para quem deseja explorar a cidade sob uma ótica contemporânea e vibrante”, diz Valle, na justificativa do projeto.
Efervescência e desespero na Arnaldo Quintela
Tantas foram as reclamações dos moradores, que a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) intensificou as ações de ordenamento, desobstrução de área pública e contra perturbação do sossego no bairro para coibir irregularidades como som acima do volume permitido e fora do horário estabelecido e ocupação irregular das calçadas e ruas, seja por mesas e cadeiras ou por outras estruturas.
Bares como o Fuska (que fica no pólo do Humaitá) e Treme Treme (na Arnaldo Quintela) chegaram a ser interditados por reincidência, mas conseguiram decisões judiciais favoráveis à reabertura e voltaram a funcionar.
Desde março, a Seop vem se reunindo com os donos de bares de Botafogo, tentando estabelecer um acordo e um código de conduta que atenda ao comércio — e não leve os moradores ao desespero.

