O Theatro Municipal do Rio possui uma verdadeira fábrica de talentos do balé há 98 anos. Em seu prédio anexo, a Escola Estadual de Dança Maria Olenewa forma, anualmente, diversos bailarinos e bailarinas que, na maioria das vezes, entram para o cast do equipamento cultural. Para se ter uma ideia, cerca de 90% do corpo de baile do Lago dos Cisnes é composto por profissionais formados na unidade.
O espetáculo terá 10 apresentações ao público neste mês, a abertura da temporada será nesta quarta-feira (14), às 19h, com Patrocínio Oficial da Petrobras. O Lago dos Cisnes tem música de Tchaikovsky, e é apresentado pelo Ballet e Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal, com direção geral de Hélio Bejani.
O ambiente da Escola Maria Olenewa fez parte da adolescência de Juliana Valadão, e Cícero Gomes. Hoje, como primeiros bailarinos do Theatro Municipal, interpretam os protagonistas de O Lago dos Cisnes, Odile/Odette e Siegfried, respectivamente. Para os jovens que sonham com o curso, que é gratuito, as inscrições para o exame de seleção são abertas no segundo semestre, em outubro.
A rotina do aluno tem aulas diárias de balé clássico, além de outras disciplinas complementares como dança caráter; história da dança; música; PBT; composição e improvisação; teatro e dança; terminologia e saúde e dança. Cícero, que é nascido em Macaé, no Norte Fluminense, e começou a estudar no Municipal em 2000, comentou sobre o trabalho.
“Eu não seria o que sou hoje se não tivesse estudado na Escola de Dança, todos os meus professores foram de importância única na minha construção, todos contribuíram para minha formação. Eu tive a sorte de estar numa escola que me ensinou a Dança por completo, desde aulas práticas, teóricas, mas principalmente valores, educação e respeito à arte. É como sempre digo: “Eu serei eternamente aluno da Escola de Dança Maria Olenewa”, conta.
A rotina da formação profissional ainda na adolescência também fazia parte da vida de Juliana Valadão. Aos 16 anos, ela deixou Arraial do Cabo, na Região dos Lagos, para estudar na Maria Olenewa. Estar longe de casa foi um grande desafio, mas que o tempo ajudou a seguir em frente até a formação, em 2007.
“Foi uma surpresa muito grande, pois pensei que não seria aprovada. Foi uma fase difícil, ficar longe de casa, conciliar as aulas de balé com o colégio. Recebi o apoio de uma família amiga e fui conseguindo estudar até a formação. A Escola de Dança te prepara tecnicamente e artisticamente para se apresentar em qualquer companhia do mundo. Te ensina tudo, cuidado em cena, arrumar figurino, se preocupar com horário. É essencial em cada detalhe”, disse Juliana Valadão.
Vivências marcantes até integrar o elenco do Theatro Municipal
Marcela Borges também é uma das bailarinas formadas pela Escola Maria Olenewa que participam do espetáculo. Ela começou a dançar inspirada por uma apresentação de Ana Botafogo na televisão e enfrentou uma rotina intensa para seguir na formação. Iniciou a trajetória ainda na infância, ingressando no curso preliminar aos 8 anos de idade. Durante nove anos de formação, teve vivências marcantes na escola, passando por diversas etapas até integrar o elenco do Municipal.
“Eu entrei no primeiro ano da escola, que é o preliminar, quando tinha 8 anos. Foram 9 anos para minha formação. Sempre enxerguei minha paixão pela dança como prioridade, tive muita ajuda e dedicação da minha mãe, isso que me motivou a nunca desistir. Essas conquistas marcaram minha trajetória e reforçaram minha certeza de que a escola prepara para os maiores desafios da carreira”, conta Marcela.
Formação profissional
A Escola Estadual de Dança Maria Olenewa é a mais antiga instituição de dança clássica do país. São quase 100 anos proporcionando uma formação reconhecida no Brasil a milhares de alunos e alunas. Uma delas, ainda na década de 1950, a primeira bailarina negra do Municipal, Mercedes Baptista. Atualmente, a unidade possui aproximadamente 300 alunos.
“Nosso casal de primeiros bailarinos é formado pela Escola Estadual de Dança Maria Olenewa e irá se apresentar na estreia. Quando a maioria dos teatros fazem a estreia com convidados, nós vamos valorizar a “prata da casa”, mostrando a qualidade que temos em nosso corpo de baile”, disse Hélio Bejani.
Sinopse
Encenado em quatro atos, o balé conta a história da princesa Odette, uma jovem aprisionada no corpo de um cisne pelo bruxo Von Rothbart. Vivendo no entorno de um lago, para se libertar dessa condição, ela precisa que um jovem virgem lhe declare amor e fidelidade. E, caso essa jura de amor seja quebrada, Odette permanecerá para sempre como cisne.
“Eu faço o príncipe Siegfried, toda narrativa acontece ao redor de sua necessidade de casamento para que ele possa assumir o trono. Lago de fato é diferente, tem um peso diferente, estamos falando do repertório mais famoso do mundo, não somente pela coreografia, mas também pela música extraordinária de Tchaikovsky”, conta Cícero.
Devido ao enorme sucesso do balé, a direção do Theatro está disponibilizando duas datas (16 e 17 de maio) para o público assistir ao espetáculo através de um telão no Boulevard da Avenida Treze de Maio. Haverá a distribuição de 200 ingressos gratuitos 1h antes do início da récita. Para as apresentações no teatro, os ingressos podem ser adquiridos neste link.