Uma semana após as prefeituras do Rio e Maricá firmarem parceria para compartilhar recursos dos royalties do petróleo com São Gonçalo, o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), também se colocou à disposição para negociar um acordo com SG, mas quer conversar com Capitão Nelson (PL) antes. Em postagem nas redes sociais, nesta segunda (08), Neves repetiu o interesse em criar um Fundo de Desenvolvimento Solidário dos Municípios Produtores de Petróleo. Para os vizinhos gonçalenses, o investimento feito pela prefeitura de Niterói seria de R$ 200 milhões por ano.
O prefeito de Niterói recebeu o principal rival de Nelson, o deputado federal Dimas Gadelha (PT), e os vereadores de oposição de São Gonçalo — Dejorge Patrício (PDT), Juliano Freitas (PT) e Isaac Ricaldi (PCdoB) — para conversar sobre o assunto. Neves não falou sobre o acordo feito pelos vizinhos na semana passada, que prevê uma redistribuição dos valores do petróleo, contando com SG, Guapimirim e Magé como parte da zona de produção principal do petróleo.
Ao invés da redistribuição, Neves prefere que Niterói use parte dos royalties para criar um fundo de investimento em programas prioritários de São Gonçalo, nas áreas de segurança pública, saúde e educação. Ele quer que o fundo comece a valer já a partir de 2026. A ideia se baseia em um projeto de lei federal proposto em 2023 pelo deputado Gadelha e pelo então deputado Washington Quaquá (PT), agora prefeito de Maricá.

“Eu estou disposto a investir 200 milhões de reais por ano nesse fundo de desenvolvimento, sobretudo para enfrentar o crime organizado e garantir uma segurança pública melhor para a cidade de São Gonçalo, para triplicar os efetivos da Polícia Militar nas ruas de SG, reforçar o combate às barricadas e fazer aquilo que também é muito importante para a prevenção à violência, que é o investimento em escolas técnicas profissionalizantes e na reabertura dos CIEPs”, disse Neves.
Apesar de histórico de inimizade, Neves quer receber prefeito de São Gonçalo para conversar sobre projeto
]Na postagem, o prefeito destaca que, para que a proposta de investimento passe a valer, ele quer receber o chefe do Executivo da cidade vizinha para uma conversa sobre o projeto. Capitão Nelson e Neves já trocaram farpas no passado, mas o pedetista de Niterói disse que quer promover o diálogo com o vizinho do PL.
“Prefeito Capitão Nelson, eu queria lhe convidar para que nós pudéssemos sentar à mesa, parar com ofensas e gente tratar daquilo que importa: o diálogo para que duas cidades irmãs possam se desenvolver. Isso é bom para São Gonçalo, mas também é muito bom para Niterói”, disse Neves.
A distribuição dos royalties é exatamente o motivo das diferenças entre São Gonçalo e Niterói. Em 2022, durante um evento ao lado do então candidato à presidência Jair Bolsonaro (PL), Nelson disse que a prefeitura de SG vive uma “briga” com Niterói e xingou os vizinhos.
“Estamos em uma briga ferrenha com os municípios de Niterói e Maricá por conta dos royalties do petróleo. Eles são um bando de filhos da p*ta que estão brigando com São Gonçalo”, disse, na época.
Com Maricá, Nelson parece já ter se reconciliado; ele esteve com Quaquá no anúncio do acordo de redistribuição. A parceria entre São Gonçalo e as prefeituras do Rio e de Maricá foi enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) na última semana e aguarda decisão judicial. Caso o documento seja homologado pela Corte, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) vai calcular os valores do repasse para cada município envolvido no acordo.

