O deputado federal e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, agora é oficialmente o pré-candidato do PL à Prefeitura do Rio. A presença do ex-presidente Jair Bolsonaro no evento atraiu até políticos de outros partidos, como o deputado estadual Rodrigo Amorim, cotado para ser candidato ao mesmo cargo — mas pelo União Brasil.
A pajelança aconteceu na quadra da Mocidade Independente de Padre Miguel — um enclave conservador num território reconhecidamente progressista. O casal de carnavalescos Márcia e Renato Lage são bolsonaristas de carteirinha — enquanto praticamente todos os outros, do Grupo Especial, tendem para posições mais à esquerda.
Neste cenário, Bolsonaro brilhou mais que paetê e purpurina. Tratou de associar o pré-candidato ao seu nome e ao seu governo, numa estratégia para nacionalizar a disputa na cidade onde começou a sua vida política. E, por consequência, buscou colar a imagem do prefeito Eduardo Paes (PSD) à do presidente Lula (PT), derrotado, no Rio, nas eleições de 2022.
“O Rio está nas mãos de alguém que vive abraçado no atual mandatário da Nação. Que não tem nenhum compromisso, que defende a “ideologia de gênero”, disse. “Ramagem fará algo parecido com o que fizemos em Brasília. Terá a coragem de montar um secretariado que não funcione apenas para grupos”.
Empolgado com a estratégia de nacionalização do discurso, o ex-presidente enalteceu os feitos do governador bolsonarista de… São Paulo! Enquanto Bolsonaro elogiava Tarcísio de Freitas (Republicanos), o correligionário governador do Rio, Cláudio Castro (PL), fazia cara de paisagem ao seu lado, no palanque.
Coincidência ou não, dois minutos depois e ainda durante o discurso do ex-presidente, Castro não foi mais visto.
Assim que acabou o evento, Ramagem já tinha até jingle para a pré-campanha. Sinal de que a ideia de ter o moço na disputa só não vai adiante se a Justiça não deixar. O ex-diretor da Abin é um dos principais investigados no escândalo sobre o uso da agência para espionagem ilegal nos tempos do governo Bolsonaro.