A Prefeitura do Rio de Janeiro apresentou, em novembro deste ano, o seu mais novo projeto de revitalização. A área do Sambódromo e seus entornos, no Centro, sofrerão intervenções urbanas nos modelos do projeto Porto Maravilha, que inclui a demolição do Elevado 31 de Março e reformas na Passarela do Samba. Com o objetivo de integrar o Centro, o projeto prevê ainda a construção de um túnel sob a linha férrea, parques, prédios residenciais, sala de espetáculos, o Museu do Samba e ainda a criação de um espaço em homenagem a Oscar Niemeyer (1907 – 2012), mestre da arquitetura brasileira e autor do projeto da Marquês de Sapucaí.
A ideia é demolir toda a extensão do Elevado 31 de Março, desde a entrada de Santo Cristo até o túnel Santa Barbara, e liberar uma área de aproximadamente 700 mil metros quadrados para receber novas construções, incluindo um novo distrito residencial em que um dos prédios terá o Congresso Nacional como inspiração, projetado por Niemeyer.
O presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro (CAU/RJ), Sydnei Menezes, reconhece a relevância da iniciativa, mas alerta que é preciso ser apresentado um estudo técnico detalhado, além da promoção de uma ampla discussão com a sociedade.
“O anunciado projeto de revitalização do entorno do Sambódromo, evidentemente, é algo importante e necessário, inclusive existem vários estudos feitos pela própria prefeitura em outros momentos, em outros contextos, que tratam da revitalização de toda aquela área, que precisa ganhar uma nova cara, uma nova dinâmica urbana. Nessa região, se verifica um certo abandono, não só da questão arquitetônica, dos prédios e casarões, como daquela área como um todo. Nesse ponto de vista, a prefeitura tem toda razão em propor uma revitalização, que não passe exclusivamente pela derrubada do viaduto. Mas essa derrubada do viaduto 31 de Março não tem muito a ver com o Porto Maravilha, porque são dinâmicas urbanas muito diferentes. A única coisa em comum é que as duas situações têm um viaduto, construído baseado na lógica automobilística. Mas é preciso conhecer todo o projeto, os impactos, a viabilidade técnica, ambiental… No que diz respeito ao Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro (CAU/RJ), oficiamos a prefeitura e os autores do projeto para que se manifestem apresentando os seus registros de responsabilidade técnica. Este documento contém as informações sobre o estudo que está sendo desenvolvido e suas responsabilidades”, diz.
No que já foi apresentado sobre a revitalização dessa área, sabe-se que o Sambódromo também passará por melhorias, como um museu que será erguido atrás da Praça da Apoteose, terreno atualmente ocupado por carros alegóricos das escolas de samba. O projeto prevê que o Terreirão do Samba receberá uma casa de shows e um parque.
Ainda sem data para início das obras, a proposta precisa ser votada na Câmara dos Vereadores, que pode ou não aprovar a iniciativa de operação urbana consorciada, instrumento que permite a requalificação urbana de áreas por meio de parcerias público-privadas.