O retorno das sessões na Câmara do Rio e na Assembleia Legislativa (Alerj), após o recesso de julho, foi marcado por embates e discursos acalorados.
Deputados e vereadores repercutiram, nesta terça-feira (5), a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, decretada na segunda (4) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e as tarifas impostas pelos Estados Unidos que, segundo o presidente Donald Trump, são “por causa do tratamento do país ao ex-presidente“.
Na Câmara, o tema começou a ser discutido ainda no grande expediente por Rogério Amorim (PL). O vereador subiu ao microfone e pontuou que o país vive um “estado de exceção”.
“Hoje temos um estado de exceção sendo implantado pelo judiciário, onde um homem que não teve nenhum voto, nem prestou concurso de juiz, domina e manda. As pessoas não podem falar, nem emitir opinião. Bolsonaro não roubou nada, nem ninguém. Ele foi preso por causa de uma postagem de terceiros”, disse Rogério Amorim.
Os vereadores do mesmo partido Paulo Messina e Rafael Satiê deram coro ao colega.
“Jair Bolsonaro foi preso porque usou as redes sociais. Ele não roubou. Há alguma dúvida de que Alexandre de Moraes vai condenar Bolsonaro? Isso é além do bolsonarismo raiz, é o nosso país”, questionou Messina.
Vereador diz que Bolsonaro foi vítima de ‘anomalia política’
Já Satiê chamou de “anomalia política” a decretação da prisão domiciliar do ex-presidente. Ele também declarou que vai protocolar requerimento pedindo a exoneração do secretário municipal de Governo, Felipe Santa Cruz, por uma publicação nas redes sociais defendendo uma “bala na nuca” de Bolsonaro.
“O secretário do Rio insinuou que o presidente Bolsonaro deveria receber uma bala na nuca. Isso é inadmissível”, disse o vereador.
O debate voltou durante a sessão, quando Maíra do MST falou sobre a soberania do Brasil.
“Jair Bolsonaro e toda a extrema direita mostraram seu objetivo de entregar o Brasil para o imperialismo norte-americano. Queria perguntar o que eles pensam sobre esse golpe, esse atentado á democracia brasileira. Eles querem entregar nosso povo, nossa economia de bandeja para os Estadual Unidos”, disse Maíra do MST.
Treta na Alerj
Na Alerj, o deputado Luiz Paulo (PSD) declarou, ainda no expediente inicial, que é “inadmissível que qualquer nação estrangeira, por motivos políticos, queira impor tarifas econômicas”.
“O Brasil é um país soberano, e quem tem que decidir o que acontece neste país são os poderes constituídos e o povo brasileiro. Isso é soberania”, declarou o deputado.
O debate ficou mais aquecido durante a sessão, quando o deputado Professor Josemar (PSOL) cobrou uma posição do governador quanto ao tarifaço dos Estados Unidos.
“A bancada de oposição fez uma manifestação contrária à Cláudio Castro e à Trump, muito a ver com o tarifaço que o nosso país recebe e que o Rio vai ser muito impactado. Nós não podemos nos silenciar. Está na meta do governo internacional a intervenção direta para a defesa de Jair Bolsonaro, o mais novo usuário de tornozeleira e futuro presidiário”, disse Josemar. Ele e outros deputados da oposição do governo usavam uma braçadeira em resposta ao cenário político nacional.

Em sequência, deputados de esquerda e de direita discutiram a prisão de Bolsonaro e as tarifas impostas pelos Estados Unidos.
“Josemar repudiou a taxação dos EUA. Eu também repudio. Só quem não repudiou foi o Lula”, disparou Douglas Gomes (PL), que foi apoiado por Márcio Gualberto, Rodrigo Amorim , Renan Jordy e Bruno Gagliasso, todos do mesmo partido.
“É bastante contraditório ouvir um membro da esquerda falar de soberania. Bolsonaro está sendo condenado por ter sido honesto”, disse Gualberto.
Do outro lado, Renata Souza (PSOL) repudiou as falas dos deputados do Partido Liberal.
“Nós não vamos aceitar que o Brasil lamba as botas do Donald Trump só porque a família Bolsonaro resolveu pedir anistia”, disse Renata.
Marina do MST (PT), Dani Monteiro (PSOL) e Luiz Paulo (PSD) também foram ao microfone.
“Lula é um dos maiores líderes em prol da defesa da democracia do país, diferente desses patriotas de meia tigela que querem negociar a soberania do Brasil em troca da liberdade de poucos”, concluiu Marina do MST.
Com Lucas Luciano