Após meses de resistência, a Prefeitura do Rio autorizou a instalação da escola Concept no prédio do antigo Colégio São Paulo, no Arpoador. A decisão libera o uso educacional do imóvel e encerra uma disputa que envolveu o mercado imobiliário, o setor turístico e a Congregação das Irmãs Angélicas de São Paulo.
Localizado na Avenida Vieira Souto, o imóvel é avaliado em cerca de R$ 250 milhões e ocupa um terreno de aproximadamente 3 mil metros quadrados, em uma das áreas mais valorizadas da orla carioca. O prédio abrigou por 103 anos o colégio católico, que encerrou as atividades em dezembro de 2024.
O projeto será conduzido pelo Grupo SEB, que prevê investimento de cerca de R$ 50 milhões para adaptação do espaço. As obras começam após a liberação das licenças. A previsão é abrir matrículas em 2026 e iniciar as aulas em 2027.
A unidade começará com turmas de educação infantil e dos primeiros anos do ensino fundamental. As mensalidades podem chegar a quase R$ 16 mil.
A liberação foi celebrada em encontro entre o presidente do grupo, Chaim Zaher, as CEOs da Concept, Thamila e Thalita Zaher, o prefeito Eduardo Paes e o vice-prefeito Eduardo Cavaliere.
A rede já tem unidades em São Paulo, Ribeirão Preto e Salvador e foi apontada pela Forbes como a escola mais premium do país em 2025. As informações são do “Diário do Rio”.
Prefeitura tinha preferência por um hotel de alto padrão
Desde o anúncio do fechamento do colégio, a Prefeitura defendia que o imóvel tivesse uso turístico, com prioridade para um hotel de alto padrão. A gestão argumentava que a região perdeu leitos após antigos hotéis serem convertidos em residenciais compactos.
Antes do acordo com o Grupo SEB, o prédio chegou a ser avaliado pela rede Rubaiyat, que estudou instalar ali um hotel de luxo com cerca de 110 quartos, piscina, quadra esportiva e restaurante. Estudos chegaram a ser feitos, inclusive envolvendo a capela tombada do edifício. As negociações não avançaram.
Em julho, a Prefeitura publicou um decreto restringindo novas licenças, no trecho entre a Rua Rainha Elizabeth e a Pedra do Arpoador, a empreendimentos hoteleiros e turísticos. Fontes do mercado afirmam que o prefeito chegou a considerar a desapropriação do imóvel.
A equipe municipal também buscou terrenos em Ipanema e no Leblon para levar a escola a outro endereço.
Preferência da Congregação por uso educacional foi decisiva
A posição da Congregação das Irmãs Angélicas de São Paulo, proprietária do imóvel, foi decisiva. A ordem religiosa sempre defendeu a manutenção do uso educacional e ainda mantém parte das irmãs no local. A existência da capela tombada também dificultou a mudança de uso do prédio.

