Apenas dois meses depois de entregar os cargos que eram do União Brasil ao Republicanos do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, o prefeito Eduardo Paes publicou hoje, no Diário Oficial, a demissão do secretário de Habitação e dos presidentes da Rioluz e do Iplan-Rio.
O prefeito optou por nomear velhos conhecidos nos postos que estavam nas mãos de Cunha. Pôs de volta na Habitação o ex-secretário Gustavo Freue no lugar de Marcos Medina. No Iplan-Rio, o presidente agora é Fernando Ivo Pimentel Cavalcante, subsecretário de Transformação Digital, ex-diretor de Planejamento e Novos Negócios e um dos criadores do Carioca Digital. E na Rioluz, também voltou o ex-presidente Paulo Cezar dos Santos.
O Republicanos já tinha deixado o governo em abril, quando — logo depois da prisão de Chiquinho Brazão — Paes demitiu o suplente de deputado federal Ricardo Abrão da Secretaria de Ação Comunitária. O prefeito considerou que Abrão, citado como ex-sócio de Chiquinho no processo sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco, perdera as condições de continuar no governo. Houve uma crise e o partido aliado deixou de integrar a aliança pela reeleição.
Por outro lado, Paes não conseguiu atrair o União Brasil, que passara a ser comandando, no Rio, pelo presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar. Ao perceber que o jogo com o União estava perdido, renegociou com o Republicanos. Na mesa, o espaço que o partido de Bacellar ocupava no governo. As pazes foram seladas — mas por pouco tempo.
Até que Paes decidiu anular um contrato de R$ 137 milhões assinado com a ONG Contato, para a instalação de 200 núcleos comunitários e a contratação de dois mil agentes. A ONG recebe dinheiro de emendas parlamentares de parlamentares do grupo de Brazão, e apareceu nas investigações sobre o caso Ceperj e sobre o assassinato de Marielle como suspeita de ser usada para lavagem de dinheiro.