A Operação Carência Zero, deflagrada nesta segunda-feira (14) pela Polícia Civil, mira fraudes em uma seguradora de planos de saúde. O prejuízo estimado é de cerca de R$ 11 milhões. Uma mulher, líder da organização criminosa, foi presa. Policiais civis da 12ª DP (Copacabana) coordenam os trabalhos.
De acordo com as investigações, a fraude era complexa e sofisticada, simulando vínculos empregatícios em empresas de fachada, criadas com o objetivo de contratar planos empresariais. Posteriormente, esses seguros eram comercializados indevidamente para pessoas físicas, que não teriam direito de adquirir planos coletivos, que não possuem carência para utilização.
Foram criadas cerca de 10 empresas de fachada, que de fato nunca existiram, sendo constituídas exclusivamente para a contratação fraudulenta de planos de saúde empresariais. As empresas não possuem sede nos endereços por elas informados junto à seguradora, sendo a maioria criada em endereços com numeração inexistente.
No decorrer da apuração, alguns dos beneficiários dos planos de saúde das empresas investigadas foram ouvidos. Eles relataram que realizaram a aquisição de plano de saúde com a finalidade de se submeterem a procedimentos médicos que não seriam cobertos por planos em razão do período de carência, como cirurgias bariátricas, partos e até remoção de tumor cerebral.
Afirmaram que fizeram a contratação do plano e realizaram os respectivos pagamentos de valores mensais à investigada que repassou parte dos valores recebidos ao seu filho em típica movimentação de ocultação patrimonial. A quadrilha simulou o vínculo empregatício de mais de 800 pessoas, o que causou esse prejuízo milionário à empresa.
Taxa de isenção de carência
A líder dessa associação criminosa ainda criou uma “taxa de isenção de carência” que era comercializada a partir de R$ 3 mil por cliente. Se valendo do fato do plano empresarial não possuir carência e em muitas ocasiões, da urgência do cliente em realizar uma cirurgia imediata ou mesmo um parto hospitalar.
Dessa forma, somente em seis meses no ano passado, os criminosos movimentaram mais de R$ 2 milhões. Além de receberem mês a mês um percentual dos planos comercializados, ainda lucravam alto com a venda da carência.
A quadrilha liderada pela investigada contava com a participação de um contador, responsável pela abertura das empresas de fachada e captadores de clientes, que ficavam em locais de grande movimentação oferecendo os planos de saúde. Há suspeita de participação de um médico, responsável por diversas cirurgias bariátricas, que indicava seus pacientes para contratação desses planos de saúde para a realização imediata de consultas e da própria cirurgia.
De acordo com os agentes da 12ª DP, essa é apenas a primeira fase da investigação, que contou com o apoio do Ministério Público e do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Na operação desta segunda, além do mandado de prisão contra a líder da organização criminosa, os agentes cumpriram cinco mandados de busca e apreensão.