A única candidata da esquerda à Prefeitura de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, a mulher negra, feminista e candomblecista Juliana Drummond, do PSOL, tem uma tarefa fundamental no dia-a-dia da campanha, além de buscar votos. Enfrentar as intimidações.
Dia desses, furaram os quatro pneus do carro da moça.
Não é uma situação isolada. Outras mulheres negras passam até por coisa pior. No dia 30 de julho, a Polícia Civil confirmou que abriu um inquérito para investigar a ameaça de morte à deputada federal Talíria Petrone (PSOL), candidata a prefeita de Niterói.
“A investigação está em andamento na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) e corre sob sigilo”, informou a Polícia Civil.
Um mês antes, a deputada federal Renata Souza, vice na chapa do candidato a prefeito do Rio Tarcísio Motta, ambos do PSOL, registrou boletim de ocorrência após receber ameaças de morte por e-mails. A deputada afirmou que as intimidações “contendo um forte conteúdo de ódio” contra ela e sua atuação política foram encaminhadas ao seu endereço de e-mail institucional e de sua equipe.
“Violência política e eleitoral no Brasil” , uma pesquisa do Instituto Terra de Direitos e da Justiça Global sobre as violações de direitos humanos nas eleições de 2020 e 2022, apontou que os ataques ocorrem em todo o território nacional — mas 41% dos casos estão concentrados na Região Sudeste.
A violência atinge de forma expressiva grupos sociais vulneráveis atuantes no campo político progressista, em especial, a população negra, que responde por 47% dos casos. Mulheres, sejam elas cisgênero, transexuais ou travestis, representam 41% das vítimas.