A disputa entre o Sindicato dos Hospitais, Clínicas, Casas de Saúde e Estabelecimentos de Serviço de Saúde da Região Norte Fluminense (Sindhnorte) e a Prefeitura de Campos dos Goytacazes tem gerado apreensão em relação à saúde pública do município.
A controvérsia gira em torno de uma dívida alegada pelo sindicato, que se aproxima de R$ 100 milhões e estaria impactando diretamente os hospitais contratualizados. A prefeitura, por sua vez, nega a existência desse débito.
A posição do sindicato
O Sindhnorte afirma que os hospitais contratualizados pela Prefeitura de Campos estão enfrentando sérias dificuldades financeiras devido à falta de repasses do município.
Durante uma reunião com diretores dos principais hospitais da cidade — Hospital Escola Álvaro Alvim, Beneficência Portuguesa, Hospital Plantadores de Cana e Santa Casa de Misericórdia —, foi discutido o impacto financeiro nos serviços prestados, o que tem comprometido a capacidade de atendimento à população. As quatro unidades representam cerca de 80% dos atendimentos realizados pelo SUS na região.
O sindicato também destacou que a falta de recursos tem prejudicado serviços especializados, como ortopedia, cardiologia, pediatria e o combate à dengue. Além disso, ressaltou que a tabela de aporte municipal, que complementa os valores repassados pelo SUS, está congelada desde 2017, o que agravou a crise financeira das instituições hospitalares.
O que diz a prefeitura
Por outro lado, a Prefeitura de Campos, por meio da Secretaria municipal de Saúde, negou a existência da dívida de R$ 100 milhões e afirmou que não há documentos que comprovem tal alegação. A administração municipal esclareceu que, nos últimos quatro anos, foram investidos mais de R$ 1,16 bilhão na saúde da cidade, o maior montante já destinado ao setor. Além disso, o governo municipal informou que parte dos serviços contratualizados está sendo incorporada à rede pública da cidade, sem prejuízo ao atendimento.
A Secretaria de Saúde também mencionou que valores pendentes, como R$ 1,2 milhão em auditoria técnica e R$ 1,68 milhão previstos para o próximo mês, representam uma pequena fração do total investido na rede de saúde. A prefeitura destacou que está em processo de negociação para o pagamento de R$ 1,95 milhão referentes a contratos mantidos exclusivamente com recursos do município, com parte desse valor já quitada neste mês.
Sindicato dos Médicos comenta
Diante dessa situação, o Sindicato dos Médicos de Campos, em comunicado, afirmou que a comunicação entre os envolvidos tem sido difícil, mas que está buscando informações de ambas as partes para resolver a questão de forma rápida. O sindicato enfatizou que a principal preocupação é garantir que os médicos recebam pelos serviços prestados, já que a prefeitura e os hospitais apresentam versões conflitantes sobre os repasses.