O mistério sobre a remoção dos cartazes de crianças vítimas de balas perdidas na Lagoa, Zona Sul do Rio, foi desfeito. O prefeito Eduardo Paes (PSD) informou, neste domingo (29), que a própria Prefeitura do Rio foi responsável pela retirada das fotos, que estavam expostas pela ONG Rio de Paz.
“Não dá para cada organização de cariocas indignados achar que vai fazer uma exposição em área pública do Rio de Janeiro — por mais justa que possa ser a homenagem e o registro — e instalar onde bem deseja na cidade”, disse Paes.
A manifestação da ONG ocorreu no sábado (28), com 49 fotos de crianças vítimas da violência no estado, incluindo a de Diego Vieira Fontes, de 4 anos, morto em Paty do Alferes, no Centro-Sul Fluminense. A Rio de Paz foi alertada por um seguidor sobre o ocorrido e expressou sua indignação nas redes sociais.
Paes mencionou que a homenagem aos policiais militares mortos também pode ser revista.
“Também não acho boa — a também justa —homenagem aos PMs mortos e ela será reavaliada se pode permanecer ali. Mas como já está há muito tempo não determinei a retirada”, finalizou o prefeito, destacando que espera ser procurado pelos organizadores para discutir a forma e o local dessas homenagens.
“A Prefeitura do Rio reconhece a importância e a necessidade da homenagem às crianças vítimas da violência, mas retirou o material por não ter sido consultada pelos organizadores para autorizar a montagem da exposição em um local público. Da mesma forma, avalia a pertinência de manter a homenagem aos policiais militares assassinados, que também é justa e necessária, no mesmo local. O município tem total interesse em combater a violência, prestar justas homenagens às suas vítimas e está aberto para debater qualquer tipo de iniciativa, desde que seja previamente consultado”, informou a prefeitura, em nota.
A ONG Rio de Paz também se posicionou sobre o ocorrido. Em uma publicação nas redes sociais, a organização informou que o mural existe desde 2015 e que nunca houve problemas com a prefeitura.
“A alegação é de que não procuramos a prefeitura para fazer o ato. No entanto, esse mural existe desde 2015, é atualizado sempre que acontecem novos casos e nunca a prefeitura interferiu nessa nossa ação. O prefeito Eduardo Paes sabe dessa instalação e, inclusive, falou sobre ela em nosso documentário ‘A Estética da Luta’, que está no Globoplay”, escreveram.
A ONG também questionou a justificativa apresentada por Eduardo Paes para a retirada dos cartazes, que envolveu apenas as fotos das crianças e não as dos policiais mortos em serviço.
“Por que, agora, 9 anos depois, exigem autorização para a instalação? Por que essa exigência só surgiu agora, quando colocamos as fotos das crianças, e não quando eram apenas as placas com seus nomes? E por que somente retiraram as fotos das crianças e não também das dos PMs? Por que essa seletividade? Por que não nos procuraram ontem, quando estávamos no local realizando o ato, que foi amplamente divulgado?”, indagou a Rio de Paz.
Coloquem as fotos das crianças no muro da sede da ONG. OU na porta da casa dos familiares. Não tem sentido fazer homenagem na Lagoa, que não tem qq conexão com as mortes. Obrigado