Palzor Shenga é Vice-Presidente de Pesquisa de Upstream na Rystad Energy, empresa de consultoria e inteligência energética global. Ele é especialista em exploração de petróleo e tem sido uma voz proeminente na discussão sobre a transição energética e redução de emissões no setor de energia.
Recentemente, ele publicou o artigo “The Shrinking Discovery curve: why exploration still matters” sobre a redução de descobertas de campos de petróleo e as tendencias atuais.
Achei o artigo interessante e resumi seus aspectos mais relevantes para que os meus dois ou três leitores possam, através de uma opinião isenta de paixões ecológicas ou negativismos ideológicos, acompanhar as atualíssimas discussões sobre o tema.
Declínio na exploração e descobertas convencionais
Houve uma redução significativa nos volumes de petróleo e gás descobertos anualmente, caindo de mais de 20 bilhões de barris de óleo equivalente (boe) por ano na década de 2010 para cerca de 5,5 bilhões de boe entre 2023 e setembro de 2025. Isso reflete uma mudança estratégica das empresas de exploração e produção (E&P), que estão focando e explorando áreas com maior potencial de retorno financeiro.
Concentração geográfica das descobertas
As descobertas estão se concentrando em poucos países e regiões específicas, como Namíbia, Guiana, Brasil e Suriname. Isso demonstra uma mudança na geografia da exploração e na disposição das empresas globais de assumir riscos.
Importância da exploração para segurança energética
Apesar da transição energética e da busca por reduzir a pegada de carbono, a exploração de novos recursos é essencial para evitar escassez de oferta e volatilidade de preços, garantindo a segurança energética e a estabilidade da transição energética.
Redução nos gastos com exploração
Os gastos anuais com exploração caíram de um pico de US$ 115 bilhões em 2013 para cerca de US$ 50-60 bilhões atualmente, devido a pressões externas (políticas climáticas e escrutínio de investidores) e disciplina interna após ciclos de superinvestimento.
Papel das grandes empresas e NOCs
Supermajors* e empresas nacionais de petróleo (NOCs**) continuam sendo os principais impulsionadores da exploração global, utilizando tecnologias avançadas e investindo em novas províncias petrolíferas. Essas organizações desempenham um papel crucial na descoberta de jazidas e na manutenção do atendimento à demanda global, que ainda será crescente por alguns anos mesmo com o crescimento da transição energética.
*Exxon Mobil, Chevron, Shell, Total, BP, Conoco-Phillips
** Saudi Aranco, NIOC (Irã), KPC (Kwait), ADNOC (Emirados), Gazpron (Russia), CNPC (China), Petrobras, PDVSA (Venezuela), Petronas (Malásia), NNPC(Nigéria), Sonangol (Angola), Pemex (México) e Equinor (Noruega).
Necessidade de novas descobertas
O autor enfatiza que, sem uma exploração sustentada, a escassez de oferta e a volatilidade dos preços podem ameaçar tanto a segurança energética quanto a geração e recursos para a transição energética global.
Conclusões
Essas afirmações corroboram a importância contínua da exploração de petróleo e gás, mesmo em um cenário de transição para fontes de energia mais limpas e devem ser seriamente consideradas pelas autoridades governamentais e gestores de empresas com responsabilidade pelo futuro energético dos países.

