Em plena Central do Brasil, uma cena repleta de delicadeza e simbolismos chamou atenção na manhã deste sábado (29): um piano, estrategicamente colocado na área principal, espalhava pelo ambiente pérolas da música brasileira. E muitos passageiros, por algum tempo, ignoraram o relógio para admirar aquele encontro inesperado.
A ação, promovida pela SuperVia e pelo Rio de Música — projeto social ligado à ONG Rio de Paz e que atende gratuitamente moradores de Higienópolis, Jacarezinho, Maré e Alemão —, festejou o Dia do Piano e o aniversário da Central.
No repertório, “Expresso 2222”, de Gilberto Gil, e “A vida de viajante”, de Luiz Gonzaga, obras que combinam tão bem com aquele lugar. Leo de Freitas, professor de piano do Rio de Música, conduziu a apresentação, que teve a participação de convidados e alunos de outros instrumentos da própria escola. Quem passava também foi convidado a tocar, em uma celebração da música.
O Rio de Música há mais de dez anos dedica-se a ensinar piano, violão, baixo, flauta, bateria, percussão e canto. Bruno Aguilar, um dos fundadores da escola, comentou sobre a importância do ensino da música.
“A música é para todos! De segunda a quinta-feira, oferecemos aulas gratuitas para a comunidade, de crianças a idosos. A ideia é trocar conhecimentos e saberes, entre os professores e as pessoas que procuram o projeto”, ressalta.
Há oito anos no Rio de Música, o professor Leo de Freitas ainda se emociona com essas trocas.
“É um dia muito simbólico, porque o piano era usado somente pelas classes mais abastadas. E hoje estamos aqui dizendo que, se você sonha tocar esse ou qualquer instrumento, é possível. Essa também é minha história. Sou de Bangu e tive a sorte de ter um pai que pagou minhas aulas. Foi com o piano que construí toda minha vida”, emendou.