Vice-presidente da Assembleia Legislativa, o deputado Pedro Brazão (União) abriu a pauta ordinária desta terça-feira (30) e, imediatamente, encerrou a sessão sem votar um projeto sequer e sem dar tempo aos colegas de fazerem qualquer pergunta. Ele mandou cortar os microfones.
Depois de encerrar a sessão de forma abrupta, Brazão saiu do plenário e não foi visto mais. Foi tudo tão rápido, que a TV Alerj no YouTube nem iniciou a transmissão ao vivo.
O comentário nos bastidores é de que o ato foi um pedido do governador Cláudio Castro (PL), para evitar bate-boca e repercussão da CPI da Transparência.
Atordoado e sem saber de que forma vai agir, o governo está procurando os líderes dos partidos para pedir que não indiquem opositores para compor a investigação contra a falta de transparência em processos do Executivo.
A abertura da CPI conta com mais de 50 assinaturas de deputados e, embora alguns da base do governo agora se digam desavisados do teor do documento que assinaram, não é possível retirar o apoio, por regra do Regimento Interno.
Inédito
Um dos parlamentares mais antigos na casa, o decano Luiz Paulo ficou atordoado: “Em 21 anos de Assembleia, é a primeira vez que vejo um presidente, neste caso o vice, assumir, fechar a ordem do dia sem que tenha a pauta apreciada pelo plenário. Ainda mais que, às 14h, teve expediente inicial”.
Para Luiz Paulo, foi decisão unilateral do presidente, já que a pauta da sessão estava tranquila, e sem grandes polêmicas — nos projetos, claro, porque o assunto CPI certamente surgiria nos microfones.
Sobre o documentro da CPI, Luiz Paulo disse que não faz sentido deputados dizerem que não sabiam do conteúdo: “Essa justificativa, para mim, não vale, porque a gente tem que ler o que está assinando”.